Dois satélites naturais foram descobertos em Saturno pela sonda espacial Cassini, que nos próximos quatro anos realizará uma exploração mais detalhada do local. Com 3,2 e 3,7 quilômetros de diâmetro, as luas S/2004 S1 e S/2004 S2 são bem menores que as 31 já conhecidas e encontram-se entre as órbitas de outras duas, Mimas e Enceladus, a 194 mil e 211 mil quilômetros de distância do centro do planeta.
Os quadrados vermelhos indicam a região das duas novas luas de Saturno: S/2004 S1 (dir.) e S/2004 S2 (esq.) (fotos: NASA/JPL/Space Science Institute)
A primeira pode corresponder a um corpo fotografado em 1981 pela sonda Voyager da Nasa, mas seu tamanho diminuto e a distância de 1 bilhão de quilômetros da Terra não permitiram, na época, confirmar que se tratava de um satélite natural. Somente agora, com uma sonda na órbita de Saturno, foi possível identificar os objetos e observar o movimento deles ao redor do planeta.
Cientistas acreditam na existência de corpos celestes ainda menores na órbita do planeta dentro da fenda de seus anéis. Os novos astros surpreendem justamente por sua localização, pois poderiam facilmente ter sido atingidos e destruídos por cometas. A conservação deles, portanto, deve motivar novas pesquisas sobre o universo.
A origem das luas, no entanto, é ainda desconhecida. É possível que tenham sido formadas pela colisão de cometas com outros corpos próximos a Saturno, mas podem ser mais antigas, remanescentes da formação dos planetas em torno do Sol. “No primeiro caso, elas seriam úteis para estimar a quantidade e natureza dos cometas no Sistema Solar. No segundo, poderiam dar informações diretas sobre sua estrutura e composição iniciais”, explica o astrofísico Walter Maciel, da Universidade de São Paulo (USP).
A descoberta significa também um avanço no estudo das outras luas. “A partir da observação de S/2004 S1 e S/2004 S2, será possível compreender melhor a relação entre Saturno e seus demais satélites, já que perturbações e oscilações gravitacionais até então desconhecidas serão agora levadas em consideração”, afirma o astrônomo Marcomede Rangel, do Observatório Nacional.
A confirmação dos objetos abre caminho para novas pesquisas e, para os cientistas da missão Cassini, o próximo passo é a identificação de outras luas. “É realmente gratificante saber que, além das descobertas que faremos nestes quatro anos, já encontramos dois novos corpos celestes”, comemora Carolyn Porco, chefe da equipe de imagens da Cassini. “E, com sorte, não serão os últimos.”
Isabel Levy
Ciência Hoje On-line
18/08/04