O jornalista e ex-deputado federal Marcio Moreira Alves, falecido em 3 de abril (foto: marciomoreiraalves.com).
Na última sexta-feira, dia 3 de abril, a democracia brasileira perdeu um de seus grandes defensores. O jornalista e ex-deputado federal Marcio Moreira Alves morreu aos 72 anos no Rio de Janeiro, após meses de internação por causa de sequelas de um acidente vascular cerebral. O Instituto Ciência Hoje lamenta a perda dessa importante figura da história do Brasil e grande entusiasta da divulgação científica nacional.
Jornalista de renome, Moreira Alves foi um dos primeiros opositores do regime instituído após o golpe militar de 1964. Ele combateu a violência, a repressão e as ilegalidades da ditadura e denunciou as torturas cometidas pelos órgãos do governo.
Após eleger-se deputado federal, fez um discurso na Câmara em protesto contra a invasão da Universidade de Brasília (UnB) pela Polícia Militar em 1968. Em seu pronunciamento, conclamava o povo a realizar um “boicote ao militarismo”, deixando de participar dos festejos comemorativos da Independência do Brasil naquele ano. Considerado pelos militares ofensivo “aos brios e à dignidade das forças armadas”, o discurso foi o pretexto para a decretação do Ato Institucional n.º 5.
Incentivo à divulgação científica
Além de sua atuação política convicta, Moreira Alves também era incentivador da divulgação científica no Brasil, como mostra artigo publicado por ele no jornal O Globo de 25 de maio de 2002. Nesse texto, ele enalteceu a iniciativa e o trabalho da revista Ciência Hoje, que na época completava 20 anos de atividades ininterruptas.
“A vida das revistas científicas costuma ser efêmera no Brasil”, lembrava o jornalista no artigo. “Nos casos de sucesso, como a centenária revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, tendem e sofrem interrupções por falta de verba, mal que acometeu nossos centros de excelência já bem antes do neoliberalismo que nos assola. Portanto, é motivo de justas comemorações o 20º aniversário da revista Ciência Hoje, da SBPC”, completou.
Moreira Alves chamou atenção para os temas tratados na revista, que em seu primeiro número trazia uma reportagem de capa sobre os riscos ambientais da mina de ferro de Carajás (Pará). “Os números seguintes também abordavam temas polêmicos, considerados perigosos pelo regime militar”, avaliou.
O jornalista lembrou que o Serviço Nacional de Informações (SNI) chegou a mandar uma circular às empresas estatais em que proibia a compra de espaço publicitário na revista. “No entanto, um dos primeiros assinantes da Ciência Hoje foi o general Golbery do Couto e Silva, criador do SNI, que mandou um cheque pessoal e uma carta de incentivo”, ressaltou no artigo.
Moreira Alves destacou ainda o sucesso da revista e sua posterior aproximação de estudantes e professores do “ensino secundário”, com a criação da revista Ciência Hoje das Crianças e da coleção de livros Ciência Hoje na Escola. ( Clique aqui para ler na íntegra o artigo de Moreira Alves sobre a CH).
Neste momento em que o Brasil celebra a importante trajetória de Marcio Moreira Alves, o ICH gostaria de se juntar a todos nas homenagens a essa personalidade que marcou de forma indelével a história política do nosso país.
A Redação
Ciência Hoje On-line
06/04/2009
