O caminho do desenvolvimento sustentável

 

 A humanidade vive um momento crítico de sua história. A afirmação pode ser feita se considerarmos a crescente degradação da natureza e o aumento da influência negativa do homem sobre o equilíbrio de sistemas naturais. Crescimento populacional acelerado, utilização de tecnologias poluentes e de baixa eficiência energética, esgotamento progressivo de recursos naturais e a adoção de um sistema de valores que propicia a expansão ilimitada do consumo material são os indicadores mais significativos de que o futuro da espécie pode ser trágico.

null Preocupados com essas questões, ambientalistas e ecólogos realizam debates, formulam projeções para o futuro e defendem uma conscientização ativa da sociedade para que o quadro possa ser revertido. O livro Desenvolvimento sustentável – dimensões e desafios , da engenheira agrônoma Ana Luiza Camargo, oferece uma ampla introdução a esse debate promovido mundialmente e às principais questões que o acompanham.

Segundo a autora, a maioria das observações sobre a relação do homem com a natureza leva à construção de quadros bastante pessimistas a respeito de nosso futuro. Conforme defendem pensadores citados pelo livro, a saída seria aliar o desenvolvimento tecnológico à preservação de recursos naturais. E somente grandes mudanças comportamentais em escala mundial poderiam alterar a progressão catastrófica com que a humanidade destrói os recursos de que precisa para sobreviver.

Se os meios de produção continuarem a utilizar tecnologia poluente e de baixo rendimento energético e se mantiverem como instrumentos de concentração de riqueza (que privilegiam uma minoria às custas do ‘subdesenvolvimento’ da população), o desequilíbrio será cada vez maior e mais oneroso. Ana Luiza defende uma cooperação global que possa reduzir o fosso existente entre nações ricas e pobres e, assim, proporcionar um ambiente fértil às discussões de interesses comuns de preservação do meio ambiente.

Segundo ela, isso só será possível se houver um processo de conscientização do problema acima da esfera das relações comerciais e industriais entre os países. Seria preciso encontrar uma forma de entendimento global que criasse diretrizes a serem seguidas dentro de uma ética ecológica. E essa tarefa parece muito difícil, já que indivíduos e grupos sociais têm interiorizados diversos comportamentos nocivos ao equilíbrio ambiental e que dificilmente podem ser alterados.

Baseado na dissertação de mestrado que Ana Luiza defendeu em 2002 na Universidade Federal de Santa Catarina, Desenvolvimento sustentável descreve as principais propostas para um modelo de civilização menos depredatório e coloca à disposição do leitor um bom panorama introdutório ao tema. A edição ainda traz em anexo alguns dos tratados internacionais de ecodesenvolvimento, como A carta da Terra (Unesco, 2000) e A carta mundial da natureza (ONU, 1982), que exemplificam bem os ideais perseguidos — por ora sem sucesso — pelos que pregam um desenvolvimento sustentável para a humanidade.

 

Desenvolvimento sustentável –
dimensões e desafios

Ana Luiza de Brasil Camargo
Campinas, 2003, Papirus
160 páginas – R$ 25,90

 

 

Julio Lobato
Ciência Hoje On-line
28/01/04