O fracasso de Copenhague

A 15ª Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-15), realizada na Dinamarca em dezembro do ano passado, era a grande esperança do mundo na luta contra o aquecimento global. No entanto, o encontro foi marcado pelo desentendimento entre as nações, que não chegaram a um acordo significativo. Para analisar o fracasso da reunião, o Estúdio CH desta semana recebe a engenheira Suzana Kahn Ribeiro, secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em entrevista a Fred Furtado, Ribeiro explica que a dificuldade para se chegar a um consenso está atrelada à repartição da responsabilidade sobre o problema do aquecimento global. Apesar de os países desenvolvidos serem os maiores responsáveis pelo lançamento de carbono na atmosfera, é necessário que haja um esforço coletivo de todas as nações para que índices satisfatórios de redução dessas emissões sejam alcançados.

Embora a COP-15 não tenha resultado em avanços práticos, houve um progresso conceitual

Segundo Ribeiro, embora a COP-15 não tenha resultado em avanços práticos, houve um progresso conceitual, uma vez que as autoridades concordaram que a mudança no clima não é uma questão meramente econômica e que a ciência deve fornecer base para as negociações.

A engenheira fala ainda sobre a projeção das emissões brasileiras de carbono até 2020 e explica o funcionamento do sistema de mitigação dos efeitos do aquecimento global que prevê compensação financeira pela diminuição do desmatamento. Esse sistema foi defendido pelo Brasil em Copenhague e é considerado de grande valia para os países em desenvolvimento.

Além disso, Ribeiro avalia o futuro dos debates sobre o clima e as possibilidades de se conseguir um acordo entre os líderes mundiais na Conferência do México, que será realizada em novembro deste ano.

Ouça na íntegra a entrevista com a engenheira Suzana Kahn Ribeiro.