Por um novo ensino da música

Um mecanismo que viabilize a prática de um novo e revolucionário procedimento de ensino de música em escolas e conservatórios: essa é a proposta de um invento desenvolvido por Estêvão Teixeira, músico e professor do Conservatório Estadual de Música de Juiz de Fora (MG). Trata-se do Teclado Didático para o Ensino da Música (Tedem) que, feito em madeira revestida de plástico, assemelha-se a um piano. O instrumento, no entanto, não emite sons e suas teclas não são pressionadas, mas sim levantadas.

O Tedem existe em dois formatos: grande, para o professor, e míni, para os alunos. O professor toca ou canta uma seqüência de notas e os alunos levantam as teclas correspondentes

O desenvolvimento do Tedem foi motivado pela constatação de que há um grave distanciamento entre a realidade dos alunos dentro e fora das salas de aula. Nos conservatórios, o ensino da música começa vinculado à sua representação escrita (a partitura), ao contrário do que ocorre no aprendizado de qualquer idioma, por exemplo.

Estêvão propõe resgatar um aprendizado intuitivo, similar ao do músico popular, que não domina a escrita da música, mas percebe as cores dos acordes, reproduz as melodias ‘de ouvido’ e improvisa. Esse processo de aprendizado e percepção dos sons deve ser levado às escolas públicas, como propõe sua dissertação de mestrado no Centro de Ensino Superior, em Juiz de Fora.

 

As teclas levantadas e os espaços vazios possibilitam a rápida visualização de intervalos, acordes e escalas

 

O Tedem privilegia a associação entre o som e a forma espacial da música. O professor toca ou canta uma seqüência de notas e os alunos levantam as teclas correspondentes aos sons produzidos. Com isso, eles observam a ‘geografia’ formada por cada acorde ou escala indicados, reproduzida pelo baixo relevo deixado pelas teclas levantadas.

O professor pode, então, estimular variações ao trocar notas e criar novas seqüências. Assim, seus alunos poderão não só operar as mudanças e notar as diferenças de ‘desenho espacial’ de cada frase musical, como também executar os exercícios com seus instrumentos e fixar as estruturas propostas visual e auditivamente. Dessa forma, Estêvão considera dar um passo importante ao associar a prática popular à experiência erudita e levar para as escolas uma outra possibilidade de formação musical.

O fato de o instrumento não emitir som é considerado pelo músico como uma característica de fundamental importância. “Enquanto ao tocar no piano o aluno é sempre correspondido pelo som, com o uso do Tedem ele tentará reproduzi-lo em seu instrumento pessoal, ou até com a própria voz, e assim exercitará a prática da interiorização dos sons.”

Atualmente o Tedem é manufaturado por um artesão especializado em conserto de pianos e existe em dois formatos: grande — usado pelo professor à frente da turma — e míni — utilizado por cada um dos alunos. O teclado ainda não é comercializado, mas Estêvão conta já ter o projeto de produção em larga escala pronto, à espera de um patrocinador. Após quatro anos de experiências bem sucedidas, o professor comemora: “minhas aulas hoje são muito mais agradáveis e correspondem às expectativas dos alunos, que cada vez mais procuram uma forma dinâmica para a atividade musical”.

 

Interessados em adquirir o Tedem devem contactar Estêvão Teixeira .
Mais informações podem ser obtidas em seu site na internet.

Julio Lobato
Ciência Hoje On-line
10/09/03