No frio inverno canadense de 1922, dois jovens cientistas andavam nervosamente de um lado para outro nos corredores do hospital Geral de Toronto. A tensão era palpável. Nenhum dos dois ousava iniciar uma conversa. Os olhos fixos na entrada do centro médico.
Um ano antes, esses mesmos cientistas canadenses, Frederick Banting (1891-1941) e Charles Best (1899-1978), haviam iniciado uma busca incansável pela cura da diabetes. E o dia finalmente havia chegado. Depois de repetidos testes em animais de laboratório, o primeiro ensaio clínico em um paciente humano iria acontecer. Todo o esforço e noites sem dormir seriam recompensados.
Banting havia gasto todas as suas economias e vendido sua casa para se sustentar durante esse período – parte do dinheiro foi investido diretamente na pesquisa. Best também teve seu quinhão de sacrifício, trabalhou sem receber salário por vários meses. Mas, nesse momento, nada mais importava. Seus pensamentos estavam direcionados a uma pessoa, um rapaz de 14 anos de idade chamado Leonard Thompson.
Frederick Banting e John Macleod receberam o prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia em 1923. Os dois cientistas dividiram seu prêmio em dinheiro com Charles Best e James Collip, respectivamente. Leonard Thompson viveu por mais 13 anos, até que aos 27 sucumbiu de complicações causadas pela diabetes. Até os dias de hoje, a ausência de Charles Best entre os nominados é considerada uma das maiores injustiças do prêmio Nobel.
Leandro Lobo
Instituto de Microbiologia
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Muriel Aparecida de Souza Lobo
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (InMetro)