“Quem construiu Tebas, a das sete portas? Nos livros, vem o nome dos reis, mas foram os reis que transportaram as pedras?”, indaga o poema “Perguntas de um trabalhador que lê”, do alemão Bertold Brecht (1898-1956). As perguntas, muitas vezes utilizadas por professores do ensino básico para discutir com seus alunos sobre o papel dos trabalhadores na história, não seguem sem resposta. Em debates, os estudantes identificam os operários, escravizados e camponeses como os verdadeiros construtores dos templos e palácios, como produtores das mercadorias das fábricas, como os responsáveis pela colheita de grãos e pelas vitórias nas guerras. Ainda assim, os novos estudos da história social do trabalho parecem tão distantes das salas de aulas das escolas de ensino fundamental e médio do país. Por quê?
Apesar da sua relação intrínseca com a realidade de muitos estudantes – que trabalham, estão desempregados ou em busca do primeiro emprego – e de suas famílias, as novas descobertas historiográficas sobre o mundo do trabalho não estão presentes na sala de aula. Quando surge no espaço escolar, o tema trabalho é tratado apenas no sentido de emprego e qualificação profissional, e jamais como categoria histórica e analítica.