Bailarina, diplomata, médica, astronauta e, finalmente, matemática. Quis ser muitas coisas na vida, mas a questão “o que você quer ser quando crescer?” nunca me assombrou. Pensava nisso de vez em quando, porque sempre aparece alguém que nos faz a pergunta quando somos crianças ou adolescentes. Mas tive sorte de ter pais que nunca me pressionaram sobre qual caminho seguir e fizeram de tudo para me mostrar que eu tinha diversas opções. Apesar disso, ao escolher a matemática (e o fiz com convicção), não tinha ideia do que me esperava. Escolhi simplesmente por achar que era o curso mais versátil e que, no futuro, me abriria portas, caso eu quisesse mudar para outra área de exatas.
De cara senti que era a área em que eu queria estar. Interessei-me rapidamente por álgebra e logo comecei a fazer iniciação científica. A continuidade para o mestrado me pareceu, naquele momento, um passo natural, assim como o doutorado. Fui para a França estudar geometria aritmética, área que lida com problemas da teoria dos números por meio de métodos da geometria algébrica. Esta última, por sua vez, trabalha com equações polinomiais, as mais simples na matemática, interpretando seus conjuntos de soluções como objetos geométricos e estudando suas propriedades.
Cecília Salgado
Instituto de Matemática,
Universidade Federal do Rio de Janeiro