A outra face das plantas carnívoras

Diferentes dos seres assustadores e perigosos da ficção, as plantas carnívoras podem trazer inúmeros benefícios aos humanos. As orvalhinhas, por exemplo, muito frequentes no Brasil, são capazes de combater diversas doenças, como o câncer, mas sofrem ameaça de extinção.

As plantas carnívoras são mais inofensivas do que o nome sugere. Em quase nada se parecem com os seres retratados na ficção, em filmes como O terror veio do espaço, A pequena loja dos horrores e Jumanji – Uma aventura espacial ou em séries como Tarzan. Elas não são gigantes, não possuem dentes, não atacam nem engolem pessoas. A maioria das espécies não chega a atingir 50 cm de altura, e suas armadilhas só são capazes de atrair, capturar, digerir e assimilar nutrientes de pequenos animais, como insetos.

No reino vegetal, as plantas carnívoras são as únicas a se alimentarem de animais. Por essa característica e por sua beleza exótica, atraem interesse de colecionadores, paisagistas e do público em jardins botânicos mundo afora.

Entre os 600 tipos de carnívoras registrados no planeta, destacam-se as orvalhinhas, que têm a segunda maior diversidade de espécies, 220, ou seja, mais de 30% do total. Cientificamente, são conhecidas como Drosera, do grego drosos, que significa orvalho. O nome tem origem nas armadilhas brilhantes que essas plantas usam para capturar suas presas: elas apresentam gotículas pegajosas semelhantes a gotas de orvalho.

Figura 1. Estratégia das orvalhinhas para capturar suas presas: em A, tentáculos da espécie Drosera camporupestris com gotas da substância pegajosa em que os insetos fi cam grudados; em B, folha da espécie Drosera chrysolepis se dobra em torno do inseto capturado.
Créditos: Michel J Pereira Alves

Michel J. Pereira Alves, Júlio César Santiago, Yumi Oki e Wilson Fernandes
Laboratório de Ecologia Evolutiva e Biodiversidade,
Departamento de Genética, Ecologia e Evolução,
Universidade Federal de Minas Gerais

Daniel Negreiros
Instituto de Ciências Biológicas e Saúde,
Centro Universitário UNA