A resiliência de uma mulher negra, mãe e física

Em paralelo às pesquisas como cientista de materiais, Zélia Ludwig desenvolve projetos para aumentar a diversidade, estimulando meninas e mulheres a ingressarem na carreira científica

CRÉDITO: FOTO CEDIDA PELA AUTORA

Falar da minha carreira enquanto mulher cientista sempre me faz refletir sobre a minha jornada até chegar aqui. Desde muito pequena, eu sempre fui uma menina muito curiosa e inquieta, que teve a sorte de contar com pais muito incentivadores. Meu pai era torneiro mecânico, e sua oficina foi meu primeiro laboratório. Lugar que guardo com carinho porque foi lá que aprendi a buscar as respostas para minhas perguntas. Ele me incentivava a folhear revistas sobre eletrônica e até a montar circuitos elétricos! Em nosso convívio cotidiano, ele me estimulava a participar de feiras de ciências, torneios e atividades escolares. Ter essa vivência, desde cedo, me ajudou bastante em minha trajetória acadêmica porque me tornou resiliente diante das adversidades que a vida me apresentou. E não foram poucas.

Meu pai era torneiro mecânico, e sua oficina foi meu primeiro laboratório

Minha mãe era dona de casa e também teve um papel essencial na minha formação. Ela me ensinou que tudo acontece a seu tempo e que tudo tem que ser feito com máxima dedicação, não importa o que seja. Ela sempre dizia que é preciso dar o nosso melhor sem criar muitas expectativas, mas sabendo que cada passo será uma conquista muito importante. 

Nasci em Ituiutaba, Triângulo Mineiro, mas, ainda na minha infância, minha família toda se mudou para Francisco Morato, na região metropolitana de São Paulo, buscando melhores condições de vida e de estudo para nós. Estudei perto de casa até o ensino médio, mas para chegar à faculdade o caminho era mais longo, percorrido de trem, ônibus e metrô diariamente.