Arsênio: as faces antagônicas de um elemento químico: veneno e fármaco

O arsênio está presente há séculos na história da humanidade. Popularmente, ficou conhecido como o veneno usado pela nobreza para matar inimigos, parentes ou amantes. Chegou a ser usado por charlatães em produtos de beleza. Mas há uma face realmente nobre – e pouco revelada – desse elemento químico: há milhares de anos, ele tem sido empregado na composição de fármacos para tratar diversas doenças. E sua contribuição para a medicina segue até hoje.

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O arsênio é um elemento químico classificado como metaloide (ou semimetal). Pertence ao grupo 15 da Tabela Periódica, do qual faz parte, por exemplo, o nitrogênio. Na natureza, o arsênio está associado principalmente ao enxofre em minerais como ouro-pigmento, realgar ou arsenopirita (figura 1).

Figura 1. Minerais contendo arsênio; da esquerda para a direta, ouro-pigmento (As2S3), realgar (As4S4) e arsenopirita (FeAsS)

CRÉDITO: BASEADO EM MONTE, M. J./REVISTA DE CIÊNCIA ELEMENTAR (V. 8, N. 01, P. 1-5, 2020)

Além disso, o trióxido de arsênio – conhecido popularmente como arsênio branco ou arsênico – é um subproduto da exploração de metais preciosos, como ouro, cobre, chumbo, estanho e zinco, o que torna seu custo de obtenção muito baixo.

A toxicidade dos compostos de arsênio já era conhecida na Antiguidade. A partir de então, passou a ser usado como herbicida, pesticida, fungicida e raticida – e, obviamente, seu uso como veneno foi inevitável.

A toxicidade dos compostos de arsênio já era conhecida na Antiguidade