Camuflagem em nova aranha fóssil do Brasil

Espécie coletada em depósitos de São Paulo é um dos poucos registros desses animais no mundo e exibe evidências de um padrão de variação de cores similar ao observado em várias aranhas recentes

Reconstrução do lago que existia na região de Taubaté há milhões de anos, com a aranha Taubaracna maculosa em primeiro plano

CRÉDITO: ARIEL MILANI MARTINE

Juntamente com escorpiões, ácaros, carrapatos e opiliões, as aranhas fazem parte do grupo conhecido como Arachnida. Encontrados em todos os continentes, os aracnídeos possuem quatro pares de apêndices (ou pernas) – utilizados para locomoção – e são desprovidos de antenas, características que os diferenciam dos insetos. Além disso, possuem um par de quelíceras, estruturas importantes para alimentação e que, nas aranhas, são comumente associadas a glândulas de veneno, utilizadas para dominar as suas presas. 

Apesar de o registro desses invertebrados peçonhentos ser bastante antigo, tendo sido feito a partir de rochas formadas há 380 milhões de anos (parte média da Era Paleozoica), os fósseis de aranhas são muito raros. A grande maioria foi descoberta em âmbar (resina fossilizada) no hemisfério Norte, sendo o registro na América do Sul bastante escasso. No Brasil, aranhas foram coletadas na Formação Crato, na Bacia do Araripe, que tem aproximadamente 120 milhões de anos e se localiza no Nordeste.

A esses achados, junta-se agora uma nova ocorrência, localizada nas rochas da Formação Tremembé, que afloram na Bacia de Taubaté, no estado de São Paulo. Esses depósitos foram atribuídos ao Oligoceno, época entre 33 e 28 milhões de anos atrás. Trata-se de uma região baste rica em termos paleontológicos, em que já foram encontrados restos de plantas, insetos, peixes, répteis, aves e mamíferos. Para muitos, a Formação Tremembé, que tem na Fazenda Santa Fé seu local mais importante, é o principal depósito do Oligoceno registrado na América do Sul. Naquela época, o ambiente era constituído por um lago de águas calmas e com pouco oxigênio, o que facilitou a fossilização até mesmo de animais e plantas muito frágeis.

Esse foi o caso da aranha fóssil descrita no estudo publicado por Ariel Milane Martine, da Universidade Estadual do Norte do Paraná, e colaboradores no Journal of South American Sciences. Mas o ponto mais interessante do estudo não foi apenas a raridade de se encontrar essa aranha fóssil…