Pessoas com câncer tendem a apresentar um pior desfecho para covid-19 uma vez infectadas pelo vírus. Têm também maior risco para desenvolvimento de sintomas graves, independentemente do tipo de tumor que possuem – sólido ou hematológico, como no caso dos linfomas e leucemias. Essas pessoas, em geral, têm idade acima dos 60 anos e diversas doenças paralelas, as comorbidades. Além disso, apresentam maior comprometimento do seu sistema imunológico, seja por causa do próprio câncer ou até pelo seu tratamento, tendo em vista que muitos medicamentos utilizados para tratar o câncer provocam queda de imunidade.
Diante desse cenário, o Programa de Oncovirologia do Instituto Nacional do Câncer (INCA) vem desenvolvendo estudos com o objetivo de entender melhor a dinâmica de evolução do novo coronavírus nessas pessoas. Resultados preliminares de um desses estudos revelam que, em pacientes com câncer, o SARS-CoV-2 tende a apresentar um maior acúmulo de mutações quando comparados a pacientes de covid-19 sem câncer. Em média, pacientes com câncer apresentam 4,8 vezes mais mutações no material genético do SARS-CoV-2 do que os pacientes sem câncer, representando um risco para o surgimento de novos variantes do coronavírus.
Livia R. Goes
Juliana D. Siqueira
Marcelo A. Soares
Instituto Nacional do Câncer (INCA)