Cérebro tem gênero?

A ciência vem há séculos tentando desvendar potenciais diferenças entre os cérebros do homem e da mulher, partindo do pressuposto de que são realmente diferentes. Mas são? Este é o ponto de discussão do livro Gênero e os nossos cérebros

A neurocientista britânica Gina Rippon é a autora de Gênero e os nossos cérebros, livro que discute questões essenciais, coloca em xeque e desfaz mitos de diferenças intrínsecas e inatas entre os cérebros masculino e feminino. Por mais que, por séculos, diferenças neuroanatômicas, hormonais e comportamentais tenham sido amplamente preconizadas, elas não se sustentam sob o prisma do conhecimento atual em neurociências.

Uma premissa muito popular é a de que o cérebro tem programações pré-definidas que, normalmente, não podem ser alteradas por configurações sociais, culturais e ambientais. Mito. Muitas das diferenças que podem ser notadas em uma análise superficial – como a ‘disposição natural’ de mulheres a ter boa intuição e cuidar dos filhos ou mesmo a de homens exercerem papéis de liderança e de inteligência – não encontram suporte no que sabemos hoje sobre neurodesenvolvimento, características anatômicas do cérebro ou suas propriedades funcionais.

Gênero e os nossos cérebros
Gina Rippon
Editora Rocco, 1ª edição, 2021

Mychael Vinicius Lourenco

Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis
Universidade Federal do Rio de Janeiro