Convivência pacífica

Morcegos adaptados à vida urbana prestam importante serviço para os humanos, contribuindo para regenerar áreas verdes nas cidades, polinizar flores e controlar a população de insetos transmissores de doenças.

Artibeus lituratus consumindo fruto de Ficus sp. em fragmento florestal na zona rural de Monte Belo (MG).
Crédito: Rodrigo Mâcedo Mello

O processo de urbanização leva à perda total ou ao isolamento de fragmentos de vegetação nativa que ficam ilhados nas cidades. Como reflexo dessas modificações, há um declínio na biodiversidade quando comparamos as áreas urbanas com os ambientes naturais. Isso ocorre, em parte, porque muitas espécies são extintas localmente por não conseguir sobreviver em centros urbanos. Porém, algumas espécies de diferentes grupos persistem, incluindo aves, morcegos e anfíbios. Alguns desses animais são excelentes modelos para estudar quais atributos de sua ecologia, morfologia ou fisiologia lhe conferem tolerância à urbanização.

Estudos sobre ecologia urbana apontam que, para os animais frugívoros (que se alimentam de frutas), a capacidade de encontrar frutos e a flexibilidade no uso desses recursos alimentares é uma característica determinante para sobreviver em ambientes urbanos. Assim, morcegos frugívoros generalistas, capazes de incluir grande diversidade de frutos em sua dieta, podem se beneficiar desses ambientes, pois as cidades fornecem uma considerável diversidade de plantas exóticas e nativas que lhes servem de alimento e de abrigo.

Rafael de Souza Laurindo

Núcleo de Pesquisa
Instituto Sul Mineiro de Estudos e Conservação da Natureza