Da Rio-92 à Estocolmo+50 (parte II) Elementos químicos em risco de extinção

Na primeira parte deste artigo, esboçamos um cenário geral dos esforços mundiais rumo a um futuro mais sustentável e mostramos como a química verde pode contribuir para evitar que elementos importantes para a economia sejam extintos. Nesta edição, tendo como pano de fundo a invasão da Ucrânia, discutimos propriedades, aplicações e situação atual de vários desses elementos.

CRÉDITO: FOTO ADOBE STOCK

Lançada em 24 de fevereiro último, a invasão russa da Ucrânia tem causado enormes danos a esse país e sua população. Em resposta à agressão, várias nações impuseram embargos e retaliações à Rússia, grande exportadora de petróleo, gás, trigo, fertilizantes nitrogenados e fosfatados, além de alumínio, cobalto, cobre, níquel, ouro, platina, paládio e titânio. Devastada pelo conflito, a Ucrânia é grande produtora de cereais – daí ser denominada “cesta de pão da Europa” –, bem como de ferro e aço.

Embora os efeitos em longo prazo desse conflito ainda sejam desconhecidos, duas consequências se impõem: i) o choque de oferta pode fragilizar ainda mais a situação de elementos químicos ameaçados de extinção por sua reduzia oferta frente à exploração (figura 1); ii) os efeitos das sanções sobre petróleo e gás reforçam a necessidade de uma mudança da matriz energética mundial, a qual, em curto prazo, pode até permitir a sobrevida do carvão, mas, em perspectiva mais longa, terá que necessariamente ser mais renovável do que tem sido até hoje.

A seguir, apresentamos, em ordem alfabética, os elementos químicos ameaçados de extinção, discutindo brevemente propriedades, aplicações e situação de cada um deles – os chamados elementos terras-raras já mereceram destaque na primeira parte deste artigo (CH 385).

Danielle L. J. Pinheiro
Departamento de Química,
Universidade Técnica da Dinamarca

 

Eloah P. Ávila
Universidade Federal de Juiz de Fora (MG)

 

José C. Barros
Instituto de Química,
Universidade Federal do Rio de Janeiro

 

Tiago Lima da Silva
Universidade Federal do Rio de Janeiro (campus Macaé)