Guanabara, os destinos cruzados de uma baía e sua cidade

Da Família Real portuguesa ao naturalista Charles Darwin, muitos dos que passaram ou passam pelo Rio de Janeiro têm as retinas marcadas pela imagem da Baía de Guanabara. Embora esse cartão postal da cidade ainda guarde sua beleza, as transformações urbanas e da população acabaram com a sua saúde. A história ambiental, uma disciplina jovem, mostra essa simbiótica relação entre o natural e a cidade.

Há uma baía na cidade do Rio de Janeiro: a Baía de Guanabara. Talvez, mais correto seja dizer que há uma cidade na Baía de Guanabara. A ligação entre a Baía e a cidade é forte, complexa e perdura há séculos. A primeira pista é o próprio nome, que precede a cidade. Rio de Janeiro foi o nome dado ao imenso corpo de água encontrado pelos portugueses quando chegaram aqui em janeiro de 1502. Uma larga baía onde uma armada podia se abrigar com tranquilidade, com uma boca estreita e profunda, e uma correnteza tão forte que parecia um rio. Os habitantes da terra a chamavam Guanabara, ou seio do mar. A cidade mesmo, com o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro, só seria fundada mais de 60 anos depois, em 1565.

A Baía de Guanabara na pintura de C. Grunwedel, 1861

Lise Sedrez

Programa de Pós-Graduação em História Social
Instituto de História
Universidade Federal do Rio de Janeiro