Ilhas de calor e espaços de conforto

Como polos de concentração de população e calor, os espaços urbanos contribuem para a alteração do balanço de energia, modificando os padrões térmicos e a qualidade do ar. Mas também há, nas grandes cidades, áreas de vegetação e paisagens abertas que se comportam como focos de frescor urbano. Para mitigar o efeito das ilhas de calor nas regiões metropolitanas e se proteger de futuros desastres associados a mudanças climáticas, tais espaços ‘verdes’ devem ser preservados.

O clima descreve as condições meteorológicas médias de um determinado local durante um longo período de tempo. Com o objetivo de fornecer dados para tomar decisões baseadas em evidências sobre a melhor forma de se adaptar a um clima em transformação, estudamos as variações e os pontos extremos climáticos e suas influências em uma variedade de atividades.

As cidades reúnem hoje cerca de 55% da população mundial, com a expectativa de chegar a cerca de 70% até 2050, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Nos países em desenvolvimento, essa parcela já excede hoje os 80%. Além disso, as áreas urbanas concentram a grande maioria das atividades econômicas desses países. Claramente, essas áreas com forte confluência de pessoas geram uma grande preocupação de ordem social, econômica e ambiental.

As áreas urbanas estão sujeitas a microclimas específicos, pois a cidade afeta o padrão das variáveis meteorológicas. Nos últimos anos, vários estudos têm mostrado que os espaços urbanos constituem polos de concentração de calor, que, em oposição aos espaços não urbanos, relativamente mais frescos, caracterizam-se como aquilo que a comunidade científica chama de ‘ilhas de calor’. As cidades contribuem para a alteração do balanço de energia, gerando grandes ‘bolhas’ sobre essas áreas, modificando os padrões térmicos e de qualidade do ar, entre outros aspectos.

José Ricardo de Almeida França

Departamento de Meteorologia
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Andrews José de Lucena

Departamento de Geociências
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Leonardo de Faria Peres

Departamento de Meteorologia
Universidade Federal do Rio de Janeiro