Em espanhol, se diz que alguém usa muitos “sombreros”, ou chapéus, em referência a uma pessoa com múltiplos papéis e atividades. A bióloga colombiana Brigitte Baptiste acha graça da associação e afirma que usa mais do que simples sombreros. “Sou uma pessoa de 55 anos que dedica a vida a temas ambientais, principalmente à Ecologia, enquanto busca entender também sua identidade como transgênero. E tenho bons motivos para pensar que há coisas em comum entre ambas as dimensões”, conta. Casada, com duas filhas, e uma das pesquisadoras mais reconhecidas na Colômbia em conservação e biodiversidade, Brigitte acredita que a construção da sustentabilidade é o desafio contemporâneo mais importante. “Ele começa por uma reforma substancial da maneira com que nos educamos e deve insistir na compreensão das interrelações que existem entre as pessoas com o mundo biológico e os ecossistemas”, afirma ela, que em agosto de 2019 deixa a direção do Instituto de Pesquisa de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt, órgão governamental, para assumir a reitoria da Universidade EAN.
Ciência Hoje: O que a natureza pode ensinar à sociedade sobre a importância da diversidade?
Brigitte Baptiste: Absolutamente tudo. A humanidade passou por uma etapa de afastamento do mundo da diversidade biológica. Isso aconteceu porque nos sentimos muito importantes ou porque tivemos que inventar uma nova maneira de conviver devido à tecnologia. Mas somos tão naturais quanto qualquer outra espécie ou componente do ecossistema. É preciso reconhecer que a diversidade é fonte fundamental da inovação, da adaptação e do bem-estar. E essas três coisas existem e funcionam no mundo complexo da ecologia. Voltar a entender e dar visibilidade à diversidade em todas as suas dimensões é crucial na construção das capacidades humanas.
Elisa Martins
Jornalista, especial para Ciência Hoje