O filme de animação franco-belga-canadense Abril e o mundo extraordinário, de 2015, conta a história de uma realidade fictícia em que todos os cientistas desapareceram da Terra. Em consequência, o mundo se torna atrasado, sem invenções importantes, como eletricidade, rádio e telefone.
Apesar de o filme ser uma crítica sobre a importância da ciência em nossas vidas, há uma cena particularmente que chama a atenção: aparecem vários retratos dos cientistas desaparecidos; entre eles, Louis Pasteur, Albert Einstein, Heinrich Hertz e Alfred Nobel. O/a leitor/a pode estar se perguntando: mas o que há de estranho nisso? É que todos os cientistas mostrados são homens! O desaparecimento deles foi retratado na ficção, já o das mulheres cientistas é real e acontece até hoje.
Quantas cientistas mulheres o/a leitor/a conhece? Quantos nomes de cientistas mulheres leu nos livros da escola e quantas foram citadas em sala de aula? Os questionamentos poderiam se estender se incluíssemos a representatividade de cientistas negras e LGBTQI+ (sigla para designar gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e outras identidades de gênero).
Buscando resolver essa disparidade e alcançar equidade de gênero, houve um aumento, nos últimos anos, de movimentos que lutam pela maior inclusão de mulheres e meninas na ciência. Atualmente, no Brasil, as mulheres formam a maioria das pessoas que concluem os cursos de graduação presencial nas universidades. Porém, mesmo com o aumento da representatividade feminina no ensino superior, a ocupação de cargos mais altos, como reitorias, presidências de sociedades científicas e direção de agências de fomento, continua sendo liderada por homens.
Fernanda Mariath e Leopoldo C. Baratto
Laboratório de Farmacognosia Aplicada
Faculdade de Farmácia
Universidade Federal do Rio de Janeiro