O Big Brother da física nuclear

No final da Segunda Guerra Mundial, dez cientistas alemães foram encarcerados em uma casa na Inglaterra, onde todos os aposentos estavam equipados com microfones ocultos, permitindo que as forças aliadas escutassem as conversas entre mentes brilhantes

CRÉDITO: FARM HALL/FLICKR

Por mais estranho que possa parecer, uma operação ocorrida no final da Segunda Guerra Mundial tem grande similaridade com o programa Big Brother. Capturados por militares do grupo dos Aliados – composto por Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos –, dez cientistas alemães foram encarcerados em uma casa de campo em Godmanchester, na Inglaterra. A casa, conhecida como Farm Hall, teve todos os seus aposentos e áreas externas equipados com microfones ocultos. Durante seis meses, as forças aliadas escutaram as conversas e tiraram suas conclusões. Esse ardil foi chamado operação Epsilon.

Os cientistas monitorados eram físicos e químicos considerados brilhantes, muitos deles haviam trabalhado ou contribuído, ainda que involuntariamente, para o desenvolvimento do programa nuclear nazista. Os dois nomes de maior destaque são Otto Hahn (1879-1968), que recebeu o Nobel de Química em 1945, por descobrir o princípio da fissão nuclear, essencial para o desenvolvimento das bombas atômicas; e Werner Heisenberg (1901-1976), Nobel de Física em 1932, por suas contribuições na criação da mecânica quântica, e que ficou conhecido pelo seu princípio da incerteza, mas foi o principal cientista do programa alemão de armas nucleares.