Os fenômenos naturais sempre despertaram nosso interesse – afinal, muitos deles nos afetam diretamente. Mas sua compreensão foi, como regra, desafiadora. Em um primeiro momento, foi natural surgirem explicações baseadas em mitos e lendas. Ao olhar para o céu e notar a persistência dos movimentos celestes, imaginávamos que lá era a morada dos deuses.
No alvorecer da civilização helênica (por volta do século 5 a.C.), a observação contínua do céu, somada aos avanços da matemática, permitiram descrever fenômenos planetários a partir de representações geométricas. Exemplo famoso: a determinação da circunferência da Terra feita pelo grego Erastóstenes (276-194 a.C.), que, ao observar o comprimento das sombras projetadas no solstício de verão nas cidades de Siena (norte da África) e Alexandria (Europa), calculou a circunferência da Terra com um erro mínimo, em comparação a valores atuais. Com isso, outro grego, Hiparco (190-120 a.C), pode calcular a distância Terra-Lua com base no tempo de duração de um eclipse lunar.
Adilson de Oliveira
Departamento de Física,
Universidade Federal de São Carlos (SP)