Pele de tilápia: revolução na medicina regenerativa

O uso de pele animal para o tratamento de queimaduras e feridas nunca foi registrado no país. Os quatro bancos de pele humana que existem aqui são insuficientes para cobrir a demanda interna. O desenvolvimento de um produto de alta tecnologia usando pele de tilápia pode beneficiar muitas vítimas de queimaduras, aliviando suas dores e encurtando sua recuperação, além de gerar empregos e solucionar o problema ambiental gerado pelo descarte dessa matéria-prima.

CRÉDITO: FOTO ADOBE STOCK

O tratamento de queimaduras e feridas no Brasil não é contemplado com o uso de pele humana ou pele animal, seja na rede pública, seja na privada. Existem no país quatro bancos de pele humana muito bem estabelecidos, todos localizados nas regiões Sul e Sudeste; porém, com uma captação insuficiente de pele humana, contemplando menos de 1% da demanda interna.

Jamais tivemos pele animal registrada e regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso em pacientes, o que é comum em países desenvolvidos, principalmente, usando a pele porcina. Esse foi um dos motivos pelos quais o grupo coordenado pelo cirurgião plástico Edmar Maciel idealizou e desenvolveu o uso da pele da tilápia para o tratamento de queimaduras e feridas.

A tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus), originária da bacia do rio Nilo (Egito) e amplamente difundida em vários continentes, é o segundo maior peixe em produção do mundo, sendo criada em larga escala no Brasil. A pele desse peixe, descartada pela indústria alimentícia, representa um problema ambiental. Portanto, ao desenvolver um produto de alta tecnologia com essa matéria-prima, resolve-se a questão ambiental, geram-se empregos e beneficiam-se pacientes queimados, aliviando suas dores e o sofrimento do longo período de internação.

Ao desenvolver um produto de alta tecnologia com essa matéria-prima, resolve-se a questão ambiental, geram-se empregos e benefi ciam-se pacientes queimados, aliviando suas dores e o sofrimento do longo período de internação

Como tudo começou

Figura 1. A pele da tilápia contém uma proteína de colágeno tipo I, que facilita o processo de cicatrização de lesões

CRÉDITOS: EDMAR MACIEL