Historiadora, Selma Pantoja se dedicou a pesquisar sobre o continente africano quando havia um silêncio completo a respeito do tema no Brasil e abriu caminhos para uma nova geração de acadêmicos
Historiadora, Selma Pantoja se dedicou a pesquisar sobre o continente africano quando havia um silêncio completo a respeito do tema no Brasil e abriu caminhos para uma nova geração de acadêmicos
Sou historiadora, lecionei no ensino médio e, posteriormente, no ensino superior, mas um traço marcante da minha carreira foi desenvolver minha pesquisa numa área de completo silêncio na academia brasileira à época: História da África. Nós, pesquisadores que trabalhávamos com o tema, costumávamos dizer que éramos “militantes da História da África no Brasil”.
Vinda de bairros da periferia carioca, fui a primeira pessoa da minha família a ter um curso superior e um diploma de doutora. Assim, a formação em História africana demandou um grande movimento de saída do meu estreito horizonte de mundo suburbano. A profissionalização nos Estudos Africanos dependia de estar conectada aos grandes debates internacionais em idiomas como francês e inglês, pois a pesquisa sobre o tema praticamente não existia no Brasil. Como não havia internet, precisava participar dos congressos internacionais para apresentar a minha pesquisa e me expor ao debate. Esse grande exercício me abriu as portas para a criação de uma capacidade crítica de olhar a História em geral e a História da África consequentemente.