Tão rápidos, tão pequenos

Os prêmios Nobel de Física e Química deste ano contemplaram trabalhos que investigaram a matéria em sua mais diminuta escala: a atômica e subatômica. E esses resultados têm aplicações práticas que vão da área eletrônica até o tratamento do câncer

CRÉDITO: ADOBESTOCK

Todos os anos, na primeira semana de outubro, há grande expectativa: o anúncio dos vencedores do Nobel, prêmio revestido de mística. Quem o recebe escreve seu nome na história. 

Este ano, as categorias de Física e Química foram para pesquisadores que investigaram a natureza em sua escala mais diminuta: o mundo dos átomos. 

Os ganhadores em Física foram os franceses Anne L’Huillier – a quinta mulher a receber o prêmio nessa categoria – e Pierre Agostini, bem como o húngaro Ferenc Krausz. A justificativa: desenvolvimento de métodos experimentais para gerar pulsos de luz de atossegundos, para estudar o comportamento dos elétrons na matéria. 

Um atossegundo é um intervalo de tempo impensavelmente curto: equivale a 1 segundo dividido por 10 seguido por 18 zeros (10-18 s). Como comparação, a luz visível tem frequência na faixa de 1014 hertz, o que equivale a que, a cada segundo, ela oscile 1014 vezes. Portanto, no intervalo de 10-18 s, a luz visível nem sequer oscila uma única vez.

Os três ganhadores desenvolveram métodos para criar pulsos de luz extremamente curtos, o que, desde então, tem permitido medir processos nos quais os elétrons se movem ao redor do núcleo ou ‘saltam’ de nível de energia nos átomos, fenômenos que ocorrem a velocidades altíssimas ou em tempos muito pequenos.

Os fenômenos na escala atômica são fascinantes, pois a velocidade e a escala nas quais ocorrem levam a processos únicos. A compreensão deles permite o desenvolvimento de tecnologias que mudam nossas vidas