Receita de sucesso no futebol

Num torneio de futebol de pontos corridos com 46 jogos disputados em 8 meses, como será o campeonato brasileiro de 2004, é importante que o atleta seja capaz de recuperar seu desempenho físico no mais curto espaço de tempo para não prejudicar sua equipe. Um professor de educação física da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveu uma tática simples, barata e eficaz para diminuir o tempo de recuperação do atleta: ingerir carboidrato imediatamente após a partida.

Atletas que ingeriram carboidratos e placebo após
a partida tiveram sua capacidade aeróbica testada

Jogadores do Esporte Clube Santo André participaram da pesquisa realizada pelo professor Luciano Capelli, que dividiu os voluntários em dois grupos de 10. Imediatamente após a partida, um dos grupos recebeu um suplemento de carboidrato na forma de gel e o outro recebeu placebo (gelatina dietética). “Apesar de termos usado o gel, qualquer outra fonte de carboidrato, como massas ou pães, serviria”, disse Capelli. Para cada quilo de peso, o atleta recebeu um grama de carboidrato.

A avaliação do desempenho dos atletas foi feita em três etapas. Três dias antes da partida, um teste físico foi feito para verificar a capacidade aeróbica dos participantes — a capacidade de seu organismo captar, transportar e utilizar o oxigênio durante um esforço. No dia do jogo, eles foram pesados antes e depois da partida. No dia seguinte, 16 horas após o jogo, os atletas foram novamente pesados e seu desempenho aeróbico foi reavaliado por meio de um teste de campo. Nessa avaliação, os atletas percorrem distâncias consecutivas de 15 metros, numa velocidade média de 8 km/h. A cada 60 metros havia um intervalo de 10 segundos e, a cada 240 metros, aumentava-se a velocidade até a exaustão.

Durante essa partida, os atletas perderam em média 1,9 quilos. Depois de 16 horas, a média de peso do grupo que recebeu carboidrato imediatamente após o jogo estava apenas 70 gramas abaixo da média anterior. Já o grupo que recebeu placebo estava 450 gramas abaixo da média e também alcançou um desempenho aeróbico inferior. Esse grupo percorreu em média 96 metros menos que os outros atletas.

Além do Santo André, o São Paulo Futebol Clube também já incorporou a ingestão de carboidrato imediatamente após as partidas à sua rotina. Por ser uma prática simples e barata, Capelli acredita que outros clubes também irão adotá-la, assim como outros atletas de diferentes modalidades esportivas. “A recuperação dos jogadores, que antes costumava ser de 24 a 48 horas, foi reduzida para 16”, disse Capelli. “A ingestão de carboidrato faz com que o atleta a volte a treinar o mais rápido possível.”

Liza Albuquerque
Ciência Hoje On-line
05/03/04