O racismo se manifesta de inúmeras formas na sociedade, inclusive nas relações entre as populações e os ambientes. O termo racismo ambiental, que já tem uma longa história – especialmente nos Estados Unidos – emergiu com força no debate público brasileiro e ganhou grande visibilidade nas redes sociais nos últimos anos. No início de 2024 o debate é novamente colocado sob holofotes, a partir da constatação feita pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, sobre os impactos das enchentes e chuvas ocorridas no Rio de Janeiro.
A seção “Pequenas perguntas, grandes questões” publicada em CH 407 é importantíssima para nos ajudar a compreender este conceito e construir, junto aos estudantes, um olhar crítico e racialmente orientado para a ocorrência de riscos e desastres ambientais que atingem espaços rurais e urbanos.
Esta proposta pedagógica pode ser realizada em 4 tempos de 50 minutos em qualquer uma das três séries do Ensino Médio, pois dialoga com distintas temáticas que são abordadas ao longo deste segmento.
Inicialmente, indica-se questionar a turma sobre seu conhecimento em relação ao termo racismo ambiental. A partir do que for elaborado pelos estudantes, sugere-se iniciar um debate sobre a forma que as relações raciais e o racismo se materializam no espaço geográfico. A partir do debate, a turma pode construir, coletivamente, uma definição sobre o que é o racismo ambiental.
Tendo terminado esta etapa, os estudantes poderão realizar a leitura da seção “Pequenas perguntas, grandes questões” de CH 407 e, a partir do texto, buscar na internet ou em material previamente selecionado pelo docente, informações sobre o racismo ambiental, além do histórico dos movimentos por justiça ambiental em diferentes partes do mundo – inclusive no Brasil. Após a pesquisa, a turma poderá organizar visualmente esse histórico e dispor na sala de aula ou em outro ambiente da escola.
O segundo momento da atividade envolve consultar o mapa produzido pela Fiocruz (link disponível no box Explore+) e identificar quais são as principais atividades responsáveis por promover as situações de injustiça e racismo ambiental. A partir das percepções dos estudantes acerca das características e distribuição espacial dos casos, seria importante debater quais ações e agentes estão diretamente envolvidos nas situações analisadas. Além disso, seria interessante questionar a turma sobre a existência de ocorrências semelhantes no entorno da escola e/ou dos bairros de moradia dos estudantes. Por fim, após o levantamento inicial feito oralmente, sugere-se que os estudantes façam como tarefa de casa uma pesquisa sobre situações de racismo e injustiça ambiental no seu cotidiano, a partir dos casos citados.
A pesquisa realizada pelos estudantes será apresentada na aula seguinte. E, a partir da apresentação, a turma será organizada em grupos e cada grupo poderá eleger um caso para estudo, devendo analisá-lo observando e elaborando hipóteses sobre quais características ajudam a compreender a situação como um caso de racismo ambiental.
Por fim, o docente poderá, inclusive, incentivar a turma a propor soluções para o caso estudado, além de elaborar cartazes, folhetos etc., divulgando o caso de racismo ambiental e a resolução proposta pela turma, a fim de compartilhar a pesquisa e o material elaborado com o restante da escola.
Você sabe o que é racismo ambiental? | ENTENDA A TREND. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pj9uv0kPjwY
Mapa de Conflitos Envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil. Fiocruz. disponível em: https://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/
Racismo ambiental existe – Le Monde Diplomatique. Disponível em: https://diplomatique.org.br/racismo-ambiental-existe/#:~:text=O%20racismo%20ambiental%20refere%2Dse,polui%C3%A7%C3%A3o%20e%20impactos%20ambientais%20prejudiciais.
O que é racismo ambiental e de que forma ele impacta populações mais vulneráveis. Secretaria de comunicação social. Disponível em: https://www.gov.br/secom/pt-br/fatos/brasil-contra-fake/noticias/2023/3/o-que-e-racismo-ambiental-e-de-que-forma-impacta-populacoes-mais-vulneraveis
Pretos e pardos são 55% da população, mas 69% dos que vivem sem esgoto adequado, segundo Censo 2022. G1 Economia. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2024/02/23/censo22-esgoto-agua.ghtml