Quando a governança de base comunitária está no mapa

Quando a governança de base comunitária está no mapa

Quem produz o mapa? Quais lugares e pessoas são representados no mapa? Quais lugares e comunidades não estão representados no mapa? Podemos afirmar que mapa é poder? O artigo Quando a governança de base comunitária está no mapa pode contribuir para a compreensão sobre o papel da cartografia na construção de governança comunitária. Nesta proposta, que tem como público‐alvo o 1º ano do Ensino Médio, buscamos debater como a ciência cartográfica, por meio do mapeamento social, pode ser um importante instrumento para que comunidades sejam capazes de tomar decisões que atendam às suas demandas.

Possibilidades de abordagem:

  • Verificar oas principais características do mapeamento participativo, considerando seu papel como ferramenta de emancipação comunitária;
  • Investigar experiências de mapeamento participativo e analisar seu papel no fortalecimento da governança comunitária;
  • Analisar as formas pelas quais relações de poder podem constituir a produção dos conhecimentos científicos, destacando possíveis estratégias para democratizar a produção e divulgação desses saberes.

Proposta de atividade:

Sugere‐se que o debate apresentado no texto seja desenvolvido em articulação com dois vídeos que abordam diferentes perspectivas sobre a produção de mapas e a presença/representação de determinadas comunidades e grupos socais nos mapas. Considerando isso, é interessante apresentar para a turma, em um primeiro momento, o episódio “Correios”, da série Cidade dos Homens. Neste episódio, os protagonistas precisam realizar a entrega de correspondências na favela e enfrentam grande dificuldade devido à ausência de placas com os nomes das ruas e de outros referenciais espaciais. Além disso, o nome dos becos, vielas e de outros pontos de referência modificam‐se rapidamente, dificultando ainda mais a tarefa dos dois jovens. A partir disso, Acerola e Laranjinha começam a criar estratégias tentando superar as dificuldades que envolvem executar sua tarefa.

  • Após a apresentação do vídeo, cabe elaborar perguntas para motivar o debate, considerando o esforço dos protagonistas em tentar mapear a favela para possibilitar a entrega das cartas – um exemplo de estratégia para garantir a governança local. Além disso, pode ser interessante debater com estudantes como acontece a entrega de cartas em seu bairro, destacando que diversas áreas do Brasil não têm acesso a um serviço tão básico quanto o de entrega de correspondências.
  • Após o debate, sugere‐se apresentar o segundo vídeo: “Nunca é noite no mapa”. Neste documentário produzido por Ernesto de Carvalho, o diretor utiliza Google Maps e Google StreetView para discutir quem aparece e quem é invisível no mapa, a partir do seu encontro com o carro que realiza as fotografias que alimentam a ferramenta Google StreetView. Após a apresentação do documentário, cabe traçar um paralelo entre o primeiro e o segundo vídeo e assim destacar o impacto da invisibilidade de alguns lugares e grupos sociais nos mapas oficiais.
  • Em um terceiro momento da atividade, sugere‐se utilizar fragmentos do texto Quando a governança de base comunitária está no mapa como estratégia para sistematizar o debate e destacar o papel da cartografia na promoção da governança comunitária. É interessante, inclusive, destacar o poder da cartografia em “relevar” determinadas informações. Por isso, a participação das comunidades é de grande valia, para que esta possa escolher aquilo que vai ser explicitado no mapa e o que deve permanecer oculto. Por fim, é interessante sugerir que a turma faça buscas sobre experiências de mapeamento participativo em sua cidade/bairro e em outros lugares.

Recursos utilizados:

Tô no mapa – aplicativo de celular desenvolvido para que povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares brasileiros realizem o automapeamento de seus territórios. Disponível em: https://tonomapa.org.br/

ActionAid – a organização social que trabalha contra a pobreza no mundo e o projeto sobre cartografia social que envolveu comunidades e empresas. Disponível em: https://actionaid.org.br/noticia/cartografia‐social‐projeto‐suape/

Mapa de conflitos de injustiça ambiental e saúde no Brasil – mapeamento participativo de casos que envolvem injustiças ambientais no Brasil, produzido pela FIOCRUZ. Disponível em: https://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/