O clipe “Aceita”, de Anitta, trouxe à tona os debates sobre intolerância religiosa e, mais especificamente, racismo religioso. Discutir o racismo, suas origens e suas consequências, é muito importante, mas igualmente importante é fornecer à comunidade escolar subsídios para compreender a origem e a trajetória das manifestações culturais e religiosas que vêm sendo sistematicamente alvo de perseguição e demonização.
Acreditamos que apenas com conhecimento o preconceito pode ser combatido. Esse é o objetivo da atividade aqui proposta.
A atividade deve ser iniciada com a turma assistindo ao clipe “Aceita”, de Anitta. A ideia é que os estudantes possam dizer o que passa pela sua cabeça quando veem as imagens de terreiro que aparecem no clipe, mas é importante que esse espaço não seja mais um veículo de perpetuação de estereótipos e comentários preconceituosos – já que, além de evidentemente problemático por si só, esse tipo de atitude pode violentar estudantes da turma que tenham vivência de axé.
Dessa forma, antes de os estudantes trazerem o que eles associam quando veem as imagens, o próprio docente deve falar da trajetória do clipe, dos comentários que ele sofreu e sobre porque esse tipo de discurso, mais do que mera intolerância, constitui racismo religioso.
A seguir, a depender do clima da turma, o docente pode perguntar se há estudantes que conhecem o candomblé ou outras manifestações religiosas de origem africana que se sintam à vontade para explicar alguns dos rituais presentes no clipe. Se não for o caso, a ideia é ir direcionando as falas para uma análise dos rituais em si.
Algumas perguntas podem ajudar nesse percurso, por exemplo:
Algumas palavras-chave devem ser destacadas a partir dessa conversa inicial. A seguir, a proposta é explicar aos alunos a importância de que as próprias comunidades tradicionais relatem as suas histórias e expliquem as suas tradições. Então, caberá aos estudantes acessarem materiais digitais onde essa narrativa acontece – afinal, as mídias podem ser usadas para difundir ódio, mas também podem ser usadas para transmitir conhecimento.
No próprio artigo de Ana Schuchter publicado em CH 413, há algumas indicações de materiais que podem ser consultados para esse trabalho – que deve ser realizado prioritariamente em um laboratório de informática, mas, em não sendo possível, pode acontecer a partir de aparelhos celulares também.
Algumas das páginas a serem acessadas podem ser:
Os materiais a serem analisados pelos estudantes devem primeiro ser selecionados pelo docente. Os estudantes serão divididos em grupos e analisarão esses materiais a partir das palavras-chave que apareceram na discussão sobre o clipe de Anitta. Em seguida, os resultados serão apresentados para a turma.
Como culminância da atividade, a depender do tempo de que o docente dispõe, os alunos podem ser estimulados a criarem, eles mesmos, o seu podcast ou videocast. Cada grupo pode realizar um episódio, possivelmente a partir de uma das palavras-chave que surgiram no início do trabalho. A apresentação desse trabalho para a comunidade escolar pode render frutos para além da turma em que a atividade foi desenvolvida.
Mãe de Santo Flávia Pinto. Conta no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/maeflaviapinto/.
Mãe de Santo Flávia Pinto. Canal no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/@maeflaviapinto1040.
Cici de Oxalá. Conta no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/cicideoxala/.
Cici de Oxalá. Entrevista realizada por Lázaro Ramos, no Canal Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TJN0K4K8QnE&t=687s.
Podcast “Memórias e Saberes”. Canal do Ilê Omolu Oxum no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/@ileomoluoxum6662/videos?view=0&sort=dd&shelf_id=2.