Cinco universidades brasileiras terão laboratórios destinados a resolver o problema do desperdício de água e energia elétrica em sistemas de saneamento, construídos em convênio com a Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras). Uma universidade federal de cada região do país recebeu recursos da ordem de R$ 800 mil para construí-los. A partir de um modelo em escala reduzida, que simula sistemas reais de abastecimento de água, será possível viabilizar experimentos para aperfeiçoar os sistemas, desde o projeto até as etapas de operação e manutenção.
Criados no âmbito do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), os Laboratórios de Eficiência Energética e Hidráulica em Saneamento (LENHS) servirão de referência para todo o país. No Sul, o laboratório está sendo construído no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde funciona o Departamento de Hidráulica e Saneamento da instituição. As obras devem estar concluídas no final deste ano, e as primeiras simulações estão previstas para o início de 2006. Nas demais regiões brasileiras os laboratórios funcionarão nas universidades federais do Pará, Paraíba, Minas Gerais e Mato Grosso.
Coordenador do projeto na UFPR, o engenheiro Daniel Costa dos Santos explica que o princípio de funcionamento do modelo reduzido reproduz um sistema de abastecimento de água real. Um processo contínuo de bombeamento conduz a água do rio até a estação de tratamento; a partir daí ela segue para o reservatório, e deste para a rede de distribuição nas cidades.
Estação elevatória de água bruta da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) no município de Apucarana (foto: Ike/Sanepar).
“Consome-se muita energia elétrica para o transporte de água de uma fonte até um ponto mais elevado”, diz Santos. O setor de prestação de serviços de água e esgotamento sanitário é o terceiro maior consumidor de energia elétrica no país, e os gastos excessivos são causados sobretudo pela enorme potência dos sistemas bombeadores, que chegam a transportar 4.500 litros de água por segundo. Em muitos casos, o processo é realizado por bombas impróprias ou manipuladas de modo inadequado. O resultado é o desperdício de grande quantidade de energia. As perdas de água se devem principalmente a vazamentos ao longo da rede de abastecimento.
Diante da dimensão dos sistemas, na prática é inviável testar componentes com diferentes capacidades de vazão do líquido para identificar aquele que consome o mínimo possível de energia com a maior potência possível. As simulações feitas nos LENHS irão oferecer alternativas para o problema. Casos reais serão aplicados na estrutura-modelo, e os dados obtidos serão aproveitados no projeto, na manutenção e na operação dos sistemas de abastecimento de cada região.
Com pouco menos de dez metros de comprimento por quatro de altura, as réplicas não conterão todas as etapas do processo real, mas o funcionamento será muito semelhante. Dessa forma, poderão simular a conversão de energia com rigor.
Os LENHS deverão também conscientizar estudantes e profissionais para a importância do consumo sustentável de energia elétrica. Na UFPR, alunos de graduação em engenharia civil, elétrica e ambiental, entre outros cursos, passarão a ter aulas no laboratório e poderão receber bolsas de iniciação científica para realizar pesquisas no modelo. Serão ofertadas ainda bolsas a estudantes de pós-graduação e cursos de extensão para técnicos e engenheiros de empresas do setor elétrico e de saneamento.
Célio Yano
Especial para a CH On-line / PR
26/08/05