Um sistema desenvolvido por pesquisadores brasileiros regula o intervalo de tempo dos semáforos com base no fluxo de veículos nos cruzamentos (foto: Margan Zajdowicz/ sxc.hu).
Motoristas que perdem tempo em semáforos mal ajustados poderão contar com uma tecnologia nacional para resolver esse problema. Um sistema criado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) regula o tempo dos semáforos com base na contagem de veículos que passam pelos cruzamentos, o que pode melhorar o tráfego em alguns pontos das grandes cidades.
Diversos sistemas importados semelhantes ao brasileiro – batizado de Controle de Tráfego por Área em Tempo Real (Contreal) – já são utilizados em várias capitais para facilitar o fluxo de veículos e, assim, diminuir o tempo do percurso, os gastos com combustível e os danos ao meio ambiente. As vantagens do Contreal são o baixo custo e a facilidade para o fornecimento de suporte local.
Em testes na cidade de Macaé, no Rio de Janeiro, o Contreal tem mostrado bons resultados em relação ao sistema convencional – que se baseia em horários críticos, com altos índices de engarrafamentos, para regular o tempo dos semáforos. Em simulações, o uso do Contreal reduziu de 15% a 20% o tempo gasto pelos motoristas para percorrer um trajeto, em comparação com o sistema tradicional.
Para fazer o monitoramento do fluxo de veículos, são instalados sensores no pavimento dos cruzamentos e os dados são enviados para um computador. Com base na contagem de veículos e em informações sobre o horário, as condições meteorológicas e a existência de acidentes, obras na pista e outros eventos capazes de interferir no tráfego, um programa de computador desenvolvido pela equipe do departamento de automação e sistemas da UFSC determina o intervalo de tempo mais apropriado para o semáforo.
Segundo o engenheiro eletricista Werner Kraus Junior, professor da UFSC e coordenador do projeto, a tecnologia do Contreal é a mesma usada em aparelhos celulares. A transmissão de dados dispensa fios, pois é feita pelo Sistema Global para Comunicações Móveis (GSM, na sigla em inglês). “Além disso, o Contreal conta com o suporte de um serviço de rádio, que permite uma transmissão mais rápida dos dados”, destaca.
Solução conjunta para congestionamentos
Apesar dos bons resultados do uso do Contreal na análise de fluxos, Kraus Junior alerta que, sozinho, o sistema não resolve o problema dos congestionamentos. “O monitoramento facilita e organiza o trânsito, porque controla o tempo dos semáforos e detecta aqueles mal ajustados”, justifica. E completa: “Mas somente o investimento em transportes coletivos reduzirá os engarrafamentos substancialmente.”
Com os resultados dos testes em Macaé, Kraus Junior e sua equipe estão organizando um portal na internet, que vai disponibilizar dados atualizados sobre o fluxo de veículos para qualquer interessado em monitorar as condições de trânsito na cidade, tanto motoristas quanto pesquisadores.
Juliana Marques
Ciência Hoje On-line
21/01/2009