A lista de espécies da flora brasileira já pode ser consultada on-line. Um projeto coordenado pelo Centro Nacional de Conservação da Flora, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, atualiza a única compilação que existia sobre o assunto: a Flora brasiliensis, dos naturalistas alemães Carl Friedrich von Martius (1794-1868), August Wilhelm Eichler (1839-1887) e Ignatz Urban (1848-1931). Dividida em quarenta volumes e publicada entre 1840 e 1906, a obra é uma referência – mas já estava defasada em mais de cem anos.

Coordenadora do projeto, a bióloga Rafaela Campostrini Forzza explica que as informações sobre as espécies do país estavam dispersas por listas regionais. O Royal Botanic Gardens, Kew, jardim botânico britânico sediado em Londres, também contribuiu para reunir material, enviando uma lista de espécies brasileiras. “O projeto permitiu reunir essas informações, que estavam em diferentes formatos, em um sistema único”, explica Forzza.

Um trabalho árduo para os mais de 400 colaboradores. Além de reunir as informações, os profissionais percorreram herbários do Brasil todo para conferir tudo que estava sendo incluído na nova lista.

Muita coisa mudou desde a compilação anterior, explica a coordenadora: “A distribuição geográfica de muitas plantas, por exemplo, foi ampliada, e o conhecimento sobre as espécies também evoluiu muito desde a publicação da Flora brasiliensis.”

Uma busca pela orquídea ‘Acianthera alligatorifera’ no site, por exemplo, revela sua hierarquia taxonômica, origem, endemismo e distribuição geográfica, com ocorrência indicada no mapa do país. A lista de espécies tem mais de 40 mil espécies catalogadas (imagem: reprodução).

Mecanismo de busca

No sistema, podem-se fazer buscas pelo nome do grupo, família, gênero, autor e nome comum da espécie, e também por abrangência geográfica. Os resultados indicam a hierarquia taxonômica, origem e o tipo de vegetação em que cada espécie ocorre. O sistema também disponibiliza um pequeno mapa do Brasil para ilustrar os estados onde existem.

Segundo Forzza, a lista é mais do que uma reunião de dados. “Esperamos que as informações possam ajudar na elaboração de políticas de conservação, estimulando órgãos de fomento e grupos de pesquisas”, afirma, acrescentando que ainda há poucas informações sobre alguns grupos de organismos, como os fungos e as microalgas.

A elaboração da lista era uma das dezesseis metas da Estratégia Global para conservação das Plantas (GSPC) – um dos compromissos que o Brasil assumiu para 2010 diante da Convenção sobre Diversidade Biológica – e deve alimentar esperanças para um projeto ainda mais ambicioso: a criação de uma lista de espécies da flora mundial.

Debora Antunes
Ciência Hoje On-line