Cientistas brasileiros estão usando as técnicas mais modernas da computação para reconstituir o ambiente terrestre há milhões de anos. Métodos que permitem a digitalização quase perfeita do esqueleto de dinossauros e sua modelagem em um polímero plástico foram desenvolvidos por uma parceria entre o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ) e a Divisão de Desenho Industrial do Instituto Nacional de Tecnologia (INT).
O Staurikosaurus pricei – considerado o primeiro dinossauro a surgir na face da Terra – é um dos répteis extintos reconstituídos digitalmente
A reconstituição dos répteis pré-históricos permitirá aos paleontólogos aprofundar o estudo sobre sua movimentação, postura e até mastigação. “Essa pesquisa permitirá reconstruir a história da vida no planeta com a inclusão dos avanços da ciência nos últimos anos”, afirma o paleontólogo Sérgio Azevedo, do MN/UFRJ.
Uma das espécies escolhidas para o desenvolvimento da técnica foi o Staurikosaurus pricei — considerado o primeiro dinossauro a surgir na face da Terra. O animal tinha 60 centímetros de altura e 2 metros de comprimento e vivia há cerca de 225 milhões de anos (período Triássico) na região onde hoje fica o Rio Grande do Sul.
O “dinossauro digital” foi obtido com a ajuda de um
scanner a laser que gera imagens tridimensionais
O dinossauro digital, no entanto, não se resume ao esqueleto. Com auxílio dos paleontólogos, a equipe do INT reconstituiu sobre os ossos as fibras musculares do dinossauro. E por cima dos músculos do Staurikosaurus , com detalhamento conseguido por meio de técnicas de texturização e pintura, foi ‘implantada’ a pele do animal. Também foram construídas animações para retratar os movimentos do dinossauro.
Outra novidade foi o uso da tomografia computadorizada que, além de servir como modelo para a digitalização, permite que ossos incrustados em rochas sejam visualizados sem a necessidade da quebra do material, que traz riscos de danificação do fóssil. A tomografia reconstitui até as cavidades internas do esqueleto (do crânio, por exemplo), o que não é possível com o scanner. “Nossos estudos poderiam se aprimorar ainda mais, se não fosse a falta de verbas e de patrocínio”, diz Eduardo.
O “dinossauro virtual” tridimensional é elaborado a partir de fotos do modelo físico construído em argila sintética
Denis Weisz Kuck
Ciência Hoje on-line
04/08/03