Um escorpião gigante nos mares

 

O maior artrópode já descoberto tinha cerca de 2,5 metros de comprimento, muito mais do que a altura média de um homem adulto. (Crédito: Simon Powell)

Já imaginou se deparar com um escorpião de 2 metros e meio durante um inocente mergulho no fundo do mar? Essa cena digna de um filme de terror não seria impossível em épocas remotas. Uma garra gigante de 390 milhões de anos encontrada em uma pedreira em Prüm, na Alemanha, revela que esse animal existiu e é o maior artrópode de que se tem notícia.

Mas o escorpião do mar em questão não era igual aos seus temidos parentes terrestres atuais. Na verdade, ele lembra mais uma lagosta superdesenvolvida. Suas principais características são o corpo longo e cônico e a presença de apêndice genital e, próximo à cabeça, de um par de nadadeiras e duas garras gigantes, que seriam usadas para capturar outros artrópodes e peixes.

O fóssil recém-encontrado permite deduzir que a garra do animal tinha 46 cm de comprimento. Com base na proporção entre o corpo e as garras de outros aracnídeos, foi possível estimar que esse espécime de escorpião do mar media cerca de 2,5 metros, quase meio metro a mais do que as estimativas anteriores para o grupo. A descoberta, publicada esta semana na revista Biology Letters , mostra que os artrópodes eram muito maiores no passado do que se pensava.

O animal descrito é um euripterídeo pertencente à espécie Jaekelopterus rhenaniae , que viveu entre 460 e 255 milhões de anos atrás. Os euripterídeos são conhecidos há algum tempo como os maiores artrópodes extintos e acredita-se que sejam os ancestrais aquáticos dos escorpiões e possivelmente de todos os aracnídeos.

Causas do tamanho avantajado
O gigantismo em artrópodes terrestres do período Paleozóico tardio é geralmente atribuído a níveis elevados de oxigênio na atmosfera, mas, entre artrópodes aquáticos extintos, essa condição não foi determinante.

A garra gigante, pertencente a um escorpião do mar da espécie Jaekelopterus rhenaniae , foi encontrada em rochas de 390 milhões de anos em uma pedreira em Prüm, na Alemanha. (Crédito: Biology Letters )

Segundo um dos autores do artigo, o cientista Simon Braddy, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Bristol (Reino Unido), vários fatores contribuem para o tamanho avantajado de J. rhenaniae , tanto os relacionados à sua biologia, quanto fatores externos, como o ambiente e a competição e a predação entre espécies. “Nosso estudo mostra que altos níveis de oxigênio na atmosfera há 300 milhões de anos podem ter contribuído para o gigantismo de milípedes, mas artrópodes gigantes que vivem na água ocorrem ao longo de toda a história da Terra”, diz Braddy à CH On-line .

O pesquisador ressalta a importância do estudo dos maiores animais que já existiram no planeta. “Por meio da compreensão dos limites da vida, nós podemos aprender mais sobre padrões e processos evolutivos”, conclui.

Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line
21/11/2007