Adeus à ciência e ao samba

A ciência brasileira acaba de perder uma de suas grandes referências: o zoólogo Paulo Emílio Vanzolini morreu na noite de domingo, em São Paulo, aos 89 anos, de complicações decorrentes de uma pneumonia.

Reconhecido em todo o mundo, por seus estudos sobre répteis e pela adaptação da ‘teoria dos refúgios’ para explicar a imensa biodiversidade da América do Sul, o cientista era famoso também em outro campo: como compositor de músicas, algumas bem conhecidas, como Ronda e Volta por cima.

'Paulo Vanzolini por ele mesmo'

Embora não considerasse essa faceta musical “uma coisa séria”, compôs mais de 50 canções, várias gravadas por grandes cantores.

Entre suas inúmeras contribuições à ciência estão a descoberta de novas espécies de répteis, importantes estudos sobre a biologia e a ecologia desses animais e a teoria dos refúgios.

Ajudou a formar muitos outros cientistas, como professor, e reorganizou o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, em que trabalhou por mais de 40 anos e ao qual comparecia diariamente, mesmo aposentado, para continuar suas pesquisas. Foi diretor do museu de 1962 a 1993, ampliando a coleção de répteis de 1,2 mil exemplares para mais de 200 mil.

O cientista é tema de três documentários, de Ricardo Dias, dois sobre seu trabalho como cientista e um sobre seu talento musical.

Formado em medicina e com doutorado em zoologia na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Paulo Vanzolini publicou durante sua carreira mais de 150 artigos científicos (reunidos em Evolução ao nível de espécie: répteis da América do Sul, livro e CD-Rom lançados em 2010).

Mais dados sobre a vida e obra de Paulo Vanzolini podem ser encontrados em seu ‘Perfil’, publicado pela Ciência Hoje em abril de 1996, ou em entrevista divulgada na página mantida por Drauzio Varella.

Ricardo Menandro
Ciência Hoje/ RJ