Aos poucos, os telefones celulares com funcionalidades avançadas, os tablets e os dispositivos móveis com telas sensíveis ao toque – cada vez mais populares no dia a dia ‘comum’ – vêm se mostrando úteis no mundo científico.
Uma das últimas invenções é o aplicativo iBats. Quem possui iPad, iPhone, iPod touch ou celulares que rodam a plataforma Android pode adquirir gratuitamente a ferramenta.
O programa foi criado para rastrear as ondas ultrassônicas emitidas pelos morcegos. Já era comum entre os quiropterófilos tentar gravar os sons de alta frequência que o mamífero lança para se ecolocalizar.
Agora, com a ajuda do aplicativo – e de um microfone ultrassônico –, gravar o som dos morcegos será muito mais fácil. É uma forma de mapear as espécies, entender as rotas traçadas e compreender o comportamento das populações do animal.
Um portal congrega os dados enviados por todos os voluntários ao redor do mundo e, também, tira as dúvidas sobre o uso do software.
O programa foi desenvolvido pela Sociedade de Zoologia de Londres (ZSL, na sigla em inglês) em conjunto com instituições que pesquisam o comportamento dos morcegos. Os criadores dizem que o intuito maior da ferramenta é aliviar a carga de trabalho dos voluntários que, antes, precisavam montar um complexo kit de gravação de três ou mais peças.
“Espero que o iBats encoraje mais pessoas a acompanhar morcegos e contribuir para o esforço global de conservação da vida selvagem”, diz, em comunicado do ZSL, a gerente do projeto, Kate Jones.
O aplicativo pode distinguir, por meio das gravações das ondas, 900 espécies de morcego. Os sons são arquivados, checados e comparados no banco de dados a que a ferramenta dá acesso.
Uma das limitações de uso do iBats é a necessidade de um microfone ultrassônico, que não é trivialmente manipulado por todas as pessoas. Os cientistas pesquisam soluções tecnológicas para integrar esse microfone aos dispositivos móveis – assim, o acesso ao fascinante dispositivo de ecolocalização dos morcegos estaria ao alcance do dedo, a um botão de distância.
E vale a atenção: o Brasil não tem, oficialmente, qualquer usuário cadastrado no projeto.
Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line