Eis um biólogo da nova geração. Sem demérito para outras gerações, porque Eli Vieira na verdade deu sorte de viver nos tempos de hoje. E – sim – teve mérito de estar atento ao que acontecia ao seu redor. Esse universo é de jovens cientistas e blogueiros, que usam a internet para fazer divulgação científica.
Eli tem um blogue, o Evolucionismo, em que discute questões sobre biologia evolutiva. Eli também tem um Twitter, que usa para conversar com o seus pares da ciência. E Eli, 23 anos, formado na UnB e prestes a começar o mestrado em biologia molecular na UFRGS, tem um Formspring.
É mais do que normal nunca ter ouvido falar no Formspring. Ferramenta recente da internet, ele permite que qualquer anônimo faça uma pergunta para você. O destinatário pode responder caso queira.
O Formspring apareceu na rede no final do ano passado. No Brasil, milhares de pessoas aderiram à ferramenta. Aos poucos, a ideia arrefeceu e a febre passou. Muitos apontam como motivo a falta de sentido prático da página. O único mote seria incentivar a egolatria, já que as perguntas giram, normalmente, em torno da vida pessoal do usuário. Mas Eli soube ver ali outra utilidade.
Do mesmo modo que já usava blogue e Twitter para divulgação científica, iria se valer da rapidez da ferramenta pergunta-resposta do Formspring para o mesmo fim. E, há quase dois meses, ele está por lá tirando dúvidas sobre biologia evolutiva.
Conversa por webcam
Com este pretexto – o Formspring – procuramos Eli para uma conversa. E, numa tentativa de tornar as coisas mais interativas, propusemos um diálogo via webcam. Eli topou e, direto de Patos de Minas, sua cidade natal, falou conosco.
Foi a primeira vez que realizamos uma conversa registrada por webcam. Alguns problemas técnicos aconteceram, o leitor-espectador vai notar. Achamos pertinente manter alguns erros que ocorreram na gravação. Estamos experimentando uma nova linguagem, e os ruídos fazem parte dela.
A seguir, trechos da entrevista em vídeo. O começo da conversa trata justamente do Formspring. Eli revela que, em muitos momentos, precisa estudar para responder as perguntas.
No segunda parte, o biólogo explica melhor alguns ataques que vem sofrendo na página. Ataques que, segundo ele, provavelmente são de criacionistas insatisfeitos com as suas respostas.
Eli também opinou sobre o ensino de ciência nas escolas do Brasil. Sobretudo o ensino da evolução das espécies. Ele está otimista com a política educacional do país.
Na última parte da entrevista, Eli volta a falar dos criacionistas. Afirma que eles sempre existiram, só que, agora, com as possibilidades de comunicação, há mais meios para se expressar. O biólogo não parece se preocupar muito com a questão. Afinal, também tem as mesmas ferramentas em mãos.
E fica a dica: caso haja alguma dúvida sobre a entrevista ou sobre evolução, pergunte ao Eli em seu Formspring.
Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line