Brasil de volta ao espaço

Depois de um longo interstício, o Brasil volta a ter olhos próprios no espaço. Lançado com sucesso na madrugada do dia 07 deste mês, o satélite CBERS-4, fruto de uma parceria entre os governos brasileiro e chinês, teve as primeiras imagens que registrou divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) um dia após ter entrado na órbita da Terra. Feitas pela câmera multiespectral brasileira MUX, primeiro equipamento do tipo desenvolvido e produzido totalmente no Brasil e colocado a bordo de um satélite, elas mostram detalhes da Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro.

A MUX tem resolução de 20 metros e registra imagens no azul, verde, vermelho e infravermelho próximo, para uso em diferentes aplicações. Ela é uma das quatro câmeras de alta resolução que compõem o CBERS-4. Na última quinta-feira (11/12), outras duas câmeras – a brasileira WFI e a chinesa PAN – tiveram seus registros divulgados. Os equipamentos, com resolução de 64 metros e 10 metros, respectivamente, mostraram a região de São Felix do Xingu (PA), na Amazônia.

Imagem da câmera WFI
Registro da Amazônia feito pela câmera brasileira WFI, com resolução de 64 metros. (imagem: CBERS/ Inpe)

O CBERS é um programa de sensoriamento remoto por satélite, que produz imagens da superfície da Terra em alta resolução, com aplicações que vão desde mapas de desflorestamento até estudos na área de desenvolvimento urbano de grandes cidades. O novo satélite facilitará, por exemplo, o monitoramento da Amazônia, o controle de recursos hídricos e florestais e o mapeamento da agricultura e da expansão das cidades, além de reforçar as relações do Brasil na América Latina, já que poderá fornecer informações para outros países da região.

Imagem da câmera PAN
Região de São Felix do Xingu, na Amazônia, registrada com resolução de 10 metros pela câmera chinesa PAN. (imagem: CBERS/ Inpe)

O lançamento bem-sucedido do CBERS-4 (feito a partir de uma base espacial chinesa) pode representar um ponto de virada no Programa Espacial Brasileiro, quase paralisado após o acidente de Alcântara, em 2003, e que amargou, no fim do ano passado, uma falha no lançamento do antecessor do novo satélite, o CBERS-3.

Em entrevista à Ciência Hoje On-line em julho de 2013, o presidente do Inpe explicou a importância do programa CBERS, em plena contagem regressiva para o lançamento do CBERS-3.

Marcelo Garcia
Ciência Hoje On-line