Ciência na pergunta

A internet possibilitou a aparição de algumas plataformas de divulgação da ciência menos ortodoxas. Há pouco tempo era praticamente impossível ler sobre trabalhos que ‘deram errado’ ou não chegaram a conclusão alguma.

O cenário, hoje, é diferente. Portais como o Retraction Watch (‘Observatório de retiradas’, em tradução livre) monitoram trabalhos invalidados ou retirados de periódicos científicos. É bom lembrar: a descondideração de artigos pós-publicação é fato mais comum do que o imaginado – erros e correções acontecem o tempo todo.

Agora, é a vez das causas ainda não solucionadas

Agora, é a vez das causas ainda não solucionadas. Pesquisas que não levam a lugar algum, perguntas ainda sem respostas – dúvidas, mais do que soluções. É o que a página alemã Journal of Unsolved Questions (“Jornal das questões não solucionadas”, em tradução livre) oferece.

O portal, com opção de navegação em inglês, foi lançado em meados do ano passado, por isso ainda conta com poucos artigos. Porém, a seção de dúvidas semanais e questões obscuras é profícua, com diversos temas levantados e indicações complementares para leitura sugeridas.

Exemplo: a sugestão, ainda não comprovada, de que nas imediações de áreas de armazenamento de lixo nuclear há mais meninos do que meninas nascendo. Seria culpa da radiação? Seria só coincidência?

Ninguém, ainda, sabe ao certo, mas o site faz questão de perguntar.

A página tem um quê de Improbable Research (“Pesquisa improvável”), instituição que distribui o famoso Ig Nobel, prêmio para pesquisas que “fazem primeiro rir e depois pensar”. 

Não à toa, textos como “Por que o meninos têm mais flatulência do que as meninas?” ou “É possível equacionar o jogo de xadrez?” estão presentes no Journal of Unsolved Questions.

Com um certo bom humor e com uma dose grande de seriedade, os criadores da página, no texto de apresentação, avisam: “Acreditamos que, para o avanço da ciência, é mais importante fazer as perguntas certas do que encontrar as respostas certas”.

Bom, o que não falta na página são perguntas.  

Thiago Camelo

Ciência Hoje On-line