Com vocês, os pterossauros

Os leitores que aguardam com impaciência a chegada da primeira sexta-feira do mês para ler a coluna de Alexander Kellner na CH On-line têm um bom motivo para correr às livrarias. Acaba de ser lançado o primeiro livro de divulgação científica do paleontólogo: Pterossauros – os senhores do céu do Brasil , que traz uma introdução ao mundo desses répteis pré-históricos que são uma de suas maiores especialidades.

Os pterossauros formam um grupo fascinante: esses animais – que não devem ser confundidos com os dinossauros – viveram entre 228 e 65 milhões de anos atrás em praticamente todo o planeta. Havia espécies diminutas, com cerca de um palmo de abertura entre uma ponta da asa e outra, e outras mais imponentes, com até 10 metros de envergadura.

O Brasil é um país privilegiado no registro fóssil desses répteis: já foram identificadas aqui 24 espécies de pterossauros, 23 das quais na Bacia do Araripe, entre os atuais estados de Ceará, Pernambuco e Piauí. A primeira delas foi descoberta em 1953, pelo pioneiro Llewellyn Ivor Price.

Em seu livro, Kellner explica de que forma os pterossauros voavam, o que comiam, como se reproduziam. Seu relato mostra como nosso conhecimento atual desses répteis se baseia em importantes descobertas recentes: apenas há poucos anos, por exemplo, os paleontólogos passaram a ter certeza de que eles eram capazes de vôo ativo, e não só de vôo planado.

Atenção especial é dada às espécies brasileiras de pterossauros – as principais delas merecem capítulos exclusivos. Entre as que mais chamam a atenção, estão o Tapejara wellnhoferi , que possivelmente se alimentava de frutas, ao contrário da maioria das outras espécies, que comiam peixes; o Tapejara imperator , dono de uma crista imensa e imponente; ou o Thalassodromeus sethi , que ajudou os paleontólogos a entender melhor a função desse ornamento no crânio dos pterossauros. 

Reconstituição de pterossauro que ilustra a contracapa do livro. A edição conta com quase cem figuras, entre fotos, desenhos e diagramas.

Na condição de protagonista da descoberta e descrição de algumas dessas espécies, Kellner oferece ao leitor um ponto de vista único, que só pode dar quem tem intimidade com a prática científica. Seu relato revela de perto o cotidiano dos paleontólogos e mostra como muitas vezes o ambiente de seriedade é pontuado por momentos de descontração – quem imaginaria, por exemplo, que espécies de répteis extintos podem ser batizadas em mesas de bar?

Além da apresentação minuciosa dos pterossauros, o livro traz ainda noções básicas sobre paleontologia e sobre o trabalho de campo. Kellner explica o que é preciso fazer para se especializar nessa ciência e discute o futuro da disciplina no Brasil.

Em edição bem cuidada, com quase cem ilustrações que dão materialidade às explicações do autor, Pterossauros – os senhores do céu do Brasil é um prato cheio para os apaixonados por répteis pré-históricos. Leitores do Rio de Janeiro podem buscar um exemplar autografado no lançamento do livro, no dia 21 de março, às 19 horas, na Livraria da Travessa (rua Visconde de Pirajá, 572 – Ipanema). 

Pterossauros  senhores do céu do Brasil
Alexander Kellner
Rio de Janeiro, 2006, Vieira & Lent
Fone: (21) 2262-8314
176 páginas – R$ 29,00

Bernardo Esteves
Ciência Hoje On-line
16/03/2006