Cooperação regional


O mapa destaca em azul os países latino-americanos envolvidos no projeto de criação de um centro de pesquisa em biossegurança.

Brasil, Colômbia, Costa Rica, México e Peru pretendem fundar juntos um centro de excelência para realizar pesquisas na área de biossegurança. A proposta foi apresentada nesta quarta-feira em evento paralelo realizado durante a 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP3).

 

A idéia do projeto, intitulado ‘Bissegurança em centros de origem e diversidade genética: uma abordagem multinacional para a América Latina’, é investir na cooperação entre as nações participantes, com base em experiências de programas de biossegurança já existentes em cada país. “Pretendemos gerar bases de dados sobre biodiversidade, investir no treinamento de pesquisadores e informar a população sobre a biotecnologia moderna”, disse Amanda Galvez, representante técnica do México no projeto.

 

Uma das razões para a criação do centro de pesquisa está no fato de que a América Latina é palco de 44% das plantações de produtos transgênicos no mundo. “Não podemos ignorar que os organismos geneticamente modificados (OGMs) já estão em nosso território – e em larga escala”, destacou a representante mexicana.

 

As culturas de algodão, arroz, batata, mandioca e milho foram selecionadas como modelos prioritários de investigação. Segundo técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), essas culturas são relevantes para o Brasil e têm potencial para aplicação de engenharia genética nos próximos cinco ou dez anos. “São culturas que têm centro de origem ou diversificação no Brasil, o que estimula seu estudo visando aplicação da tecnologia do DNA recombinante”, afirmou a coordenadora técnica do Brasil, Deise Capalbo, da Embrapa.

 

Só no Brasil são 18 os centros envolvidos no projeto, incluindo institutos de pesquisa e instituições estaduais e federais de ensino superior, coordenados pela Embrapa. Para Luciana Di Ciero, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), os cinco países têm funções específicas na região e possuem habilidades que se complementam. Segundo Di Ciero, serão tomados cuidados especiais durante as investigações para não haver cruzamento de espécies transgênicas com não-transgênicas, garantindo a manutenção da variedade nativa e do material genético original.

 

A estimativa inicial para implantação do projeto é de US$ 5 milhões. A pré-proposta foi aprovada em 2005 e recebeu financiamento do Global Environment Facility (GEF) e do Banco Mundial, o que permitiu a elaboração da proposta final, apresentada ao Banco Mundial em fevereiro deste ano. O projeto seguiu para análise no GEF, e a previsão é de que seja aprovado até junho próximo, para ser implantado já no segundo semestre de 2006.

 

 

 

Luciana Cristo

 

Especial para a CH On-line / PR

17/03/2006