Google empresta seus ‘brinquedos’

Atenção, aventureiros: o Google quer a sua ajuda para mapear o mundo. Isso mesmo. Se você é daqueles que gosta de explorar lugares pouco usuais, que adora fotografar belas e peculiares paisagens ou já se pegou navegando por horas nos ambientes digitalizados disponíveis no Google Street View, essa pode ser sua oportunidade. A empresa vai emprestar exemplares de um de seus equipamentos, a mochila com câmeras acopladas chamada trekker, para usuários dispostos a colaborar com a digitalização de novos ambientes para o Google Maps

O anúncio do projeto piloto foi feito na semana passada, com um vídeo empolgante, mas ainda sem muitos detalhes. Até então, apenas empregados do Google e de algumas poucas instituições parceiras, como a Fundação Charles Darwin e a Direção dos Parques Nacionais de Galápagos, ambos das ilhas Galápagos, no Equador, haviam tido a oportunidade de operar os equipamentos que o Google utiliza para mapear paisagens e criar as panorâmicas virtuais do Street View

A preferência é por instituições ligadas ao turismo, agências governamentais, organizações sem fins lucrativos e universidades, responsáveis por áreas de grande valor cultural ou ambiental

Para se candidatar, basta preencher o formulário on-line com seus dados, sua filiação institucional, sua proposta de mapeamento e o motivo pelo qual gostaria de participar do projeto. Também é preciso dizer se possui os meios necessários para garantir seu acesso à área que pretende percorrer com o trekker e se precisaria de recursos adicionais. 

Mas calma lá que a seleção não é tão simples. Apesar de a empresa encorajar qualquer um a se candidatar para o trabalho, a descrição das qualificações ideais de possíveis parceiros mostram a preferência por representantes de instituições ligadas ao turismo, agências governamentais, organizações sem fins lucrativos, universidades ou grupos de pesquisa, em especial responsáveis por propriedades de grande interesse cultural ou ambiental. 

Segundo a gerente de relações públicas do Google, Viviane Rozolen, “a empresa não se compromete em responder todas as solicitações, mas entrará em contato sempre que identificar uma oportunidade de parceria, para especificar os detalhes da colaboração”, afirma.

Confira o vídeo de divulgação da iniciativa

A companhia já anunciou, inclusive, a primeira parceria do projeto, com o Escritório de Convenção e Visitantes do Havaí, nos Estados Unidos. A equipe do Google viajou até o arquipélago para treinar o pessoal que participará do mapeamento e as primeiras imagens já estão sendo capturadas. É possível que procedimento semelhante seja empregado para orientar os demais parceiros, mas a empresa ainda não detalhou a logística a ser seguida em cada caso. 

Vale lembrar que o Google não prevê nenhum tipo de remuneração para os selecionados.

Uma volta com o ‘brinquedinho’

O trekker, equipamento que será ‘emprestado’ aos colaboradores, foi lançado em 2012. Ele consiste numa mochila com 15 câmeras acopladas em diversos ângulos, o que permite a captação de panorâmicas em 360 graus. O sistema registra imagens a cada 2,5 segundos, aproximadamente, e é operado por meio de um smartphone com, é claro, o sistema Android, também do Google. 

O trekker juntou-se a uma série de equipamentos utilizados pela companhia para produzir os panoramas do Street View, como carros, bicicletas e até trenós. A diferença da mochila é que ela permite alcançar áreas de difícil acesso ou proibidas para veículos. Com ela, já foi possível digitalizar, além de Galápagos, locais como o Grand Canyon, nos Estados Unidos, e até as bacias dos rios amazônicos

Praia no Havaí
Quer dar um passeio virtual por essas belas paisagens? Pois a primeira parceria fechada pelo projeto vai permitir justamente a inclusão dos deslumbrantes cenários do Havaí no ‘Street View’. (foto: paul bica/ Flickr – CC BY 2.0)

Vale aqui um pequeno lembrete aos mais empolgados: o trekker pesa entre 15 e 20 quilos. Ou seja, é preciso estar em boa forma física para aguentar o peso nas costas, em especial se você pretende percorrer lugares de acesso muito complicado e precisa levar comida, água e outros utensílios. 

O projeto piloto pode ajudar a ampliar muito o leque de regiões mapeadas atualmente pelo Street View. Aqui no Brasil certamente não faltam locais de grande importância ecológica ou cultural que valeriam a pena ser mapeados e ainda renderiam belíssimas imagens para o programa. A experiência pode, ainda, ajudar a desenvolver uma maior consciência sobre a necessidade de preservar regiões de grande importância ambiental ou ameaçadas. 

E então, se anima a tentar?  

 
Marcelo Garcia
Ciência Hoje On-line