Novos roteiros virtuais

Até pouco tempo atrás, para conhecer os quatro cantos do mundo e as grandes obras de artes do planeta era preciso muita disposição, tempo e dinheiro. As tecnologias digitais, porém, tornaram a missão bem mais fácil, dispensando a necessidade de submarinos, aviões ou cordas de alpinismo. 

Em breve, mais dois lugares fantásticos passarão a fazer parte desse ‘planeta digital’: o Instituto Inhotim, maior museu a céu aberto do Brasil, entrará para o Google Art Project e as ilhas Galápagos, no Equador, poderão ser exploradas no Google Street View. O ‘Bússola’ fala sobre eles e aproveita para dar mais dicas de roteiro para uma volta ao mundo em 80 cliques.     

Além de conferir em detalhes cerca de 100 obras do museu, será possível passear por suas instalações e jardins, com o Street View

Localizado em Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte (MG), o Instituto Inhotim recebe mais de 300 mil visitantes por ano. Sua área inclui jardim botânico com espécies tropicais raras e um acervo de arte contemporânea de relevância internacional. O Google Art vai catalogar cerca de 100 obras, inclusive algumas interativas, como o Sonic Pavillion, que capta os sons da terra e contará com recursos de áudio para tornar a experiência mais completa. Além da visita em si, a ideia é utilizar o projeto para fins educativos e para ajudar visitantes a preparar seus roteiros de visitação, já que é quase impossível conhecer tudo em menos de dois dias. 

Além de ver as obras uma a uma em detalhes, será possível passear pelas instalações do museu, com o auxílio do Google Street View. A captura das obras das galerias foi feita com um ‘carrinho’ com câmeras, o trolley, que já digitalizou vários dos mais importantes museus do mundo. As áreas abertas foram registradas com o trekker, uma mochila com 15 câmeras, utilizada em locais onde o acesso de veículos não é possível.

Google em Inhotim
Para registrar e digitalizar os belos caminhos e espaços abertos de Inhotim, a mochila trekker percorreu suas instalações. Já as galerias do museu foram capturadas com o carrinho, o trolley. (fotos: Divulgação)

Inhotim será o terceiro museu brasileiro a integrar o Google Art Project, depois da Pinacoteca e do Museu de Arte Moderna, ambos em São Paulo. O projeto também inclui a galeria São Paulo Street Art, com grafites da capital paulista. Apesar de ainda pouco comum no Brasil, o acervo do Google Art possui mais de 43 mil peças de arte, de cerca de 9 mil artistas, espalhadas por 40 países, todas elas capturadas com altíssima definição, o que permite uma observação às vezes mais detalhada e prolongada que a experiência ‘real’. 

Perspectivas de Darwin

Um pouco mais remoto que Inhotim, outro local curioso e de rara beleza também vai cair na rede: as ilhas Galápagos. Os trekkers do Google percorreram o arquipélago vulcânico registrando tanto as áreas turísticas quanto regiões mais isoladas e de difícil acesso do arquipélago equatoriano. Com o apoio do Catlin Seaview Survey, a empresa também capturou imagens submarinas de diversas áreas ao redor das ilhas. 

Os pesquisadores esperam utilizar as imagens para acompanhar os efeitos das mudanças climáticas e do turismo nas ilhas

Até o fim do ano, os exploradores digitais poderão conhecer a natureza peculiar que inspirou Charles Darwin a escrever A origem das espécies. Segundo os responsáveis pelo mapeamento, será possível observar, além das famosas tartarugas gigantes, atobás-de-pata-azul, fragata (tesourão) com suas ‘gargantas’ vermelhas e até tubarões martelo. Os pesquisadores também esperam utilizar as imagens para acompanhar os efeitos das mudanças climáticas e do turismo nas ilhas. Agora, se o Street View já coleciona flagras curiosos, imaginem os ‘achados’ que poderemos encontrar por lá… 

Volta ao mundo em 80 cliques

As duas novas ‘atrações’ do mundo virtual irão se somar aos muitos ‘roteiros turísticos’ já disponíveis na internet. O próprio Street View, além de permitir passeios por grandes cidades espalhadas pelo mundo, também possibilita explorar locais mais ‘extremos’, como o Grand Canyon, a Amazônia, o Polo Sul, montanhas como o Everest e o Aconcágua, a grande barreira de corais e até o fundo do oceano

Mas não é só de Google que vivem os superpanoramas. São muitas as iniciativas que retratam nosso mundo em 360º e alta definição, da frenética Nova Iorque, nos Estados Unidos, até o prédio mais alto do planeta, nos Emirados Árabes. Uma delas, a 360 cities, apresenta uma invejável coleção de panoramas de fotógrafos de todo o mundo, de cidades como a sereníssima Veneza ou a cosmopolita Londres, até os belos lençóis maranhenses, a misteriosa Ilha de Páscoa e outros registros mais inusitados

Panorâmicas
Detalhadíssimas e belas imagens panorâmicas são uma boa pedida para os exploradores digitais conhecerem os recantos mais afastados e peculiares do mundo. São muitos os sites que permitem as viagens, para incontáveis destinos. (imagens: reprodução / Air Pano)

Outro trabalho bacana é da russa Air pano, dedicada a panorâmicas aéreas. O grupo já fotografou a acrópole de Atenas, pirâmides maias na Guatemala, cataratas no Zimbábue, erupções vulcânicas, ilhas gregas e até a estratosfera terrestre, além das novas maravilhas do mundo

Há outros ótimos exemplos espalhados pela rede, como a Gigapan e a Panoramas.dk, e uma busca por seu lugar predileto pode trazer boas surpresas em 360º. 

No Brasil, outras iniciativas isoladas trazem lindos panoramas nacionais, como essas belas imagens da cidade de São Paulo. E também há coletâneas por aqui, como a br360, Ayrton 360 e a Brasiltour360 (dedicada a vídeos 360º). 

Com tantas opções, ficou fácil conhecer os recantos mais distantes e inusitados do mundo no conforto do lar. Mas, para quem ainda prefere a boa e velha viagem analógica, as iniciativas podem ser o estímulo que faltava, dar aquela água na boca ou ainda servir de bela recordação. 

Marcelo Garcia
Ciência Hoje On-line