A intenção dos organizadores do livro é fazer com que as ideias de Darwin alcancem um público cada vez maior, especialmente em um momento em que o ensino do criacionismo como alternativa ao evolucionismo tem ganhado força. Eles ressaltam que é justamente por essa “falta de cultura científica no mundo contemporâneo” que a celebração do nascimento de Darwin e da publicação de A origem das espécies é tão importante.
Não à toa, portanto, o mote da produção do livro foi dar continuidade ao trabalho iniciado com a exposição itinerante Darwin. Organizado durante o ano de 2008 pelo Instituto Sangari e pelo Museu de História Natural dos Estados Unidos, o evento contou com um ciclo de palestras sobre a vida e a obra do naturalista em cada cidade por onde passou.
Os ensaios presentes no livro são fruto das palestras proferidas no Rio de Janeiro por representantes de diversas áreas do conhecimento. A linguagem utilizada pelos autores é simples e, embora haja referências que o leitor menos especializado possa não compreender, um glossário presente ao final do livro consegue sanar dúvidas sobre termos mais técnicos ou alusões mais obscuras.
Abrangência temática
O primeiro capítulo, elaborado pelos próprios organizadores, é ideal para o leitor que não tem intimidade com a temática evolucionista, pois apresenta uma contextualização da importância e da atualidade da obra de Darwin, bem como um breve resumo de sua vida e de suas principais ideias. Nos demais capítulos, especialistas de diferentes áreas, desde a biologia evolutiva até a economia, abordam temas relacionados às ideias do naturalista.
Merecem destaque o texto da neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que põe em cheque os mitos da superioridade do cérebro humano, e o do psicólogo César Ades, que prevê que “em um futuro não tão distante” a teoria evolutiva será determinante para a compreensão do comportamento humano. O geneticista Sérgio Pena trata de um tema muito discutido em suas colunas na CH On-line: a desconstrução da ideia de raça no gênero humano.
Para quem se pergunta por que ainda se fala tanto de Darwin, o curador do Museu de História Natural dos Estados Unidos, Niles Eldredge, apresenta um texto introdutório em que busca explicar como, em meio a tantos gigantes intelectuais efêmeros, a figura de Darwin permanece sólida no imaginário contemporâneo ocidental. Eldredge afasta a imagem do senhor idoso e reflexivo que costumamos associar a Darwin e evidencia o aspecto jovem e criativo do cientista.
De maneira geral, não há lugar para críticas à vida ou à obra do naturalista inglês em Darwin: em um futuro não tão distante. Os 200 anos do nascimento do naturalista inglês são comemorados na obra com admiração e reflexão.
Charles Darwin: em um futuro não tão distante
Maria Isabel Landim e Cristiano Rangel Moreira (orgs.)
São Paulo, 2009, Instituto Sangari
168 páginas – R$ 35,00
Tel: (11) 3474-7500
Isabela Fraga
Ciência Hoje On-line
17/02/2009