Por uma trégua no desmatamento

Tema Sob o signo da luta contra o desmatamento da Amazônia, foi aberta na noite de 18 de julho a 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), sediada em Cuiabá. Essa foi a principal bandeira levantada pelo físico Ennio Candotti, presidente da sociedade, no discurso que encerrou a cerimônia de abertura.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos (esq.), e o presidente da SBPC, Ennio Candotti (foto: Bernardo Esteves)

Candotti pediu a ajuda do ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, e do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, presentes à cerimônia de abertura, para negociar uma trégua na derrubada das árvores na Amazônia. “Vamos juntos promover um encontro entre produtores de gado e soja e a comunidade científica e colocar na mesa de negociações uma moratória na derrubada da floresta. Vamos reduzir o desmatamento a zero.”

“Vamos pensar onde queremos chegar, como formar cidadãos capazes de usar o conhecimento para construir um país digno, onde haja também lugar para boi pastar e a soja florir sem que para isso seja necessário derrubar a floresta e contar histórias para boi dormir”, defendeu Candotti ao concluir seu discurso.

Detalhe do cartaz da 56a Reunião Anual da SBPC

A abertura do maior encontro de ciência da América Latina foi marcada também por protestos de estudantes e apelos pela retomada do programa de governo para educação e por mais investimentos em ciência e tecnologia distribuídos igualmente por todo o país.

Há dois anos o estado se prepara para receber, pela primeira vez em sua história, a Reunião Anual. A Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) passou por um batalhão de obras e ganhou nova estrutura para comportar as milhares de pessoas esperadas pela organização. Durante uma semana, a UFMT abre suas portas para as centenas de atividades do evento, que tem como tema central ‘Ciência na fronteira: ética e desenvolvimento’.

“O tema não poderia ser mais apropriado”, ressaltou Paulo Teixeira, coordenador-geral da Comissão Organizadora Local e Pró-Reitor de Pesquisa da UFMT, referindo-se às várias conotações que os termos ‘fronteira’ e ‘ética’ podem assumir no contexto político, geográfico, científico e social.

Para o ministro Eduardo Campos, as discussões da Reunião Anual serão de grande utilidade para balizar ações do governo na área de ciência e tecnologia. O ministro, que tem mantido diálogo constante e aberto com a SBPC, lembrou que “o estoque de conhecimento precisa ser emprestado ao desenvolvimento nacional”. Campos reafirmou a intenção do governo de alcançar a meta de 2% do produto interno bruto (PIB) para ciência e tecnologia.

Munidos de faixas, cartazes, apitos e cornetas, estudantes aproveitaram a presença das autoridades para reivindicar melhores salários para professores, plano de carreira para servidores, mais recursos para as universidades federais, além de menos subsídios às instituições privadas. Criticaram também as políticas do governo estadual, em especial as relativas à plantação de soja no estado.

Carla Almeida e Daniela Oliveira
Jornal da Ciência
Bernardo Esteves
Ciência Hoje On-line
19/07/04