Células-tronco para recompor cartilagens

Em testes in vitro, pesquisadores da Unicamp estimularam células-tronco do cordão umbilical para se diferenciar em condrócitos (células do tecido cartilaginoso, mostrado na imagem), produzidos em apenas 14 dias (imagem: The University of Texas Medical Branch).

Estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pode abrir caminho para um novo tratamento de doenças como artroses, hérnias de disco e lesões nas articulações. A equipe conseguiu produzir, em tempo recorde, condrócitos (células do tecido cartilaginoso) a partir de células-tronco retiradas de cordão umbilical. Os resultados podem dar suporte a outras pesquisas realizadas com células-tronco adultas.

Estudos anteriores já haviam conseguido obter condrócitos a partir de células-tronco mesenquimais, que são encontradas na medula óssea e no cordão umbilical e podem ser estimuladas para dar origem a ossos e músculos. Mas é a primeira vez que pesquisadores conseguem produzir essa diferenciação em um período de tempo tão curto.

“Conseguimos a formação de condrócitos em apenas 14 dias”, explica o médico Ibsen Bellini Coimbra, do Laboratório de Biologia Molecular em Cartilagem da Unicamp. “Agora, buscamos diminuir mais esse tempo para cerca de sete dias.”

A equipe de Coimbra realizou testes in vitro para avaliar o potencial de transformação das células-tronco originárias do cordão umbilical. Essas células foram estimuladas em cultura para se diferenciar em condrócitos. Para ter certeza de que haviam sido gerados condrócitos, o RNA das células foi extraído, o que permitiu verificar que algumas expressavam os genes típicos dessas células cartilaginosas.

Testes in vivo
Segundo Coimbra, a próxima etapa é estudar a ação dessas células in vivo. Os pesquisadores injetarão células-tronco de cordão umbilical em ratos lesionados, para avaliar a possibilidade de rejeição. “A depender dos resultados, o método poderá ser testado em seres humanos”, diz. E completa: “Caso nossas expectativas se confirmem, em mais ou menos 10 anos, poderemos injetar células-tronco no joelho de pacientes com artrose, em vez de implantar uma prótese.”

O tecido cartilaginoso apresenta uma capacidade de regeneração muito pequena, o que dificulta o desenvolvimento de tratamentos específicos para lesões e doenças como artrose, que atingem principalmente a população com mais de 60 anos.

O médico reforça que as pesquisas com células-tronco estão apenas “engatinhando” e que, por enquanto, os pesquisadores buscam conhecer o potencial dessas células. “Ainda é necessário estudar uma série de fatores, como os mecanismos de diferenciação e as fontes de células-tronco”, completa.

Igor Waltz
Ciência Hoje On-line
13/06/2008