Cortinas verdes

A busca por construções sustentáveis é cada vez mais necessária nas grandes cidades, seja para reaproveitamento de água e materiais, seja para diminuir o gasto de energia. Inspirada nesse paradigma, que vem norteando a arquitetura moderna, a arquiteta Minéia Johann Scherer, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), campus Cachoeira do Sul, propõe o uso de ‘cortinas verdes’ (trepadeiras posicionadas na frente e afastadas das fachadas das edificações) para proporcionar sombra, controlar a incidência solar e assim reduzir o consumo energético.

Durante seu doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Scherer estudou a aplicação de quatro espécies de trepadeiras (glicínia, trombeta-chinesa, jasmim-leite e madressilva-creme) em edificações durante um ano e comparou sua capacidade de sombreamento com a de outros sistemas convencionais. Os resultados indicam benefícios com relação à eficiência energética.

Segundo a arquiteta, por ser um componente natural que não absorve calor – como ocorre com materiais como concreto e metais –, o uso desse tipo de vegetação resfria e umidifica o ar ao seu redor. “Além disso, por controlar a incidência solar nos edifícios, as cortinas verdes podem proporcionar economia de energia com refrigeração artificial, dependendo do clima, do tipo de edifício e da espécie utilizada”, observa Scherer.

Ela explica que cada região climática requer espécies de trepadeira diferentes: em geral, as decíduas (plantas que perdem suas folhas no inverno) são mais favoráveis em locais com estações quentes e frias, enquanto as perenes (aquelas que mantêm suas folhas) são mais adequadas para áreas com temperaturas altas o ano inteiro. Em seus experimentos, a glicínia foi a que teve melhor desempenho na região Sul, com clima subtropical.

Comparado com outros sistemas de jardim vertical, o das cortinas verdes é mais viável, além de ter manutenção mais fácil. Em geral, as cortinas verdes necessitam de menor consumo de nutrientes e água para irrigação, uma vez que as trepadeiras são plantadas diretamente no solo ou em grandes jardineiras (no caso de uso em pavimentos superiores).

Alicia Ivanissevich
Instituto Ciência Hoje/ RJ