Diagnóstico mais preciso

Um método desenvolvido por pesquisadores dinamarqueses deve simplificar e tornar mais preciso o diagnóstico do mal de Alzheimer. O procedimento incluiu o uso de um novo marcador radioativo na tomografia por emissão de pósitrons (PET, na sigla em inglês), exame-padrão para identificar ou descartar a doença.

O cérebro de pacientes com mal de Alzheimer possui alta concentração de beta-amiloide, uma proteína que se acopla e causa danos às células cerebrais. Na PET, o paciente recebe uma injeção com um marcador radioativo, que se liga aos depósitos de beta-amiloide encontrados no cérebro. Visível nas imagens produzidas pela tomografia, o marcador fornece um mapeamento da distribuição e quantidade da proteína.

O cérebro de pacientes com mal de Alzheimer possui alta concentração de beta-amiloide, uma proteína que se acopla e causa danos às células cerebrais

O marcador radioativo mais empregado atualmente é o composto de Pittsburgh B em combinação com o carbono radioativo (C11). Mas o uso mais generalizado dessa substância é dificultado porque o C11 tem meia-vida de apenas 20 minutos. Ou seja, a cada 20 minutos, a radiação emitida pela substância cai pela metade.

Isso significa que o marcador tem de ser fabricado no mesmo local onde é feita a tomografia, o que é praticamente inviável devido à reduzida disponibilidade dos equipamentos necessários para a produção da substância, os cíclotrons.

O novo método, desenvolvido por pesquisadores do laboratório dinamarquês Hevesy, ligado à Universidade Técnica da Dinamarca, e da multinacional GE Healthcare, emprega a droga flutemetamol em associação com o fluor-18 (F18), cuja meia-vida de duas horas o faz uma alternativa mais prática para uso clínico.

PET cérebro
Tomografia do cérebro de um paciente de 56 anos. Novo método emprega a droga flutemetamol em associação com o fluor-18, capaz de emitir radiação por um período seis vezes mais longo do que o carbono radioativo usado atualmente. (imagem: Jens Langner)

Inicialmente, o grande benefício da técnica será o de eliminar a possibilidade de uma pessoa estar com mal de Alzheimer. Se ela tem sintomas semelhantes aos da doença, mas não possui acúmulo da proteína beta-amiloide no cérebro, é quase certo que sofra de um outro tipo de demência.

Além disso, o novo método poderá contribuir para identificar o risco do aparecimento da doença em pessoas cujo cérebro possui acúmulo da proteína, mas que ainda não manifestaram os sintomas do mal de Alzheimer.

Validação de resultados

De acordo com o engenheiro Gert Rode, diretor administrativo da GE Healthcare na Dinamarca, com o novo procedimento também será possível saber se os diversos tipos de tratamento contra o mal de Alzheimer testados em diferentes partes do mundo estão dando os resultados esperados.

“Quando pudermos comercializar o método, poderemos observar mais rapidamente se um novo medicamento está mesmo conseguindo reduzir ou pelo menos impedir o aumento da concentração de beta-amiloide no cérebro”, diz o pesquisador. “Isso valerá não apenas para o caso de medicamentos, mas também para outros tipos de tratamento”, acrescenta. 

Com o método, será possível observar mais rapidamente se um novo medicamento está reduzindo a concentração de beta-amiloide no cérebro

Rode cita o exemplo de um grande projeto de pesquisa liderado pelo Centro de Pesquisas em Demência da Dinamarca, que vai investigar o efeito de atividades físicas na concentração de beta-amiloide no cérebro.

O método já foi testado com sucesso em pacientes de vários hospitais europeus e os pesquisadores trabalham atualmente na documentação dos resultados obtidos para solicitar autorização para comercialização junto às autoridades médicas da Europa e dos Estados Unidos.

Margareth Marmori
Especial para a CH On-line/ Copenhague