Mapeando a ferrugem asiática

Os sintomas da doença na folha de soja. (Foto: Rafael Moreira Soares /Embrapa Soja).

Uma nova arma para combater a ferrugem asiática – fungo que ataca as lavouras de soja – está sendo criada pelo sistema de alerta da Embrapa Soja para indicar novos focos da doença no Brasil. Graças a uma ferramenta que lança mão de imagens de satélite disponíveis na página da internet Google Maps , técnicos, agricultores e engenheiros agrônomos poderão localizar lavouras infectadas pelo fungo, que causou perda de 4,5% da safra desse grão no país em 2006-2007.

Os mapas com indicação das áreas comprometidas estarão disponíveis a partir de setembro na página do Consórcio Antiferrugem, que reúne instituições de pesquisa, cooperativas e outros segmentos da cadeia produtiva da soja no Brasil. Por enquanto, as informações e mapas podem ser consultados no Sistema de Alerta da Embrapa Soja, uma rede de comunicação gerenciada por essa unidade da Embrapa que informa sobre problemas ocorridos durante a safra e orienta quanto a possíveis soluções.

Ao visitar a página, o usuário identificará as lavouras atacadas próximas de sua região e poderá se prevenir. “Para evitar a doença, a aplicação de fungicidas deve ser feita no momento certo, antes que o fungo se espalhe pelo vento”, aconselha o fitopatologista Rafael Moreira Soares, da Embrapa Soja, sediada em Londrina, no Paraná.

Prejuízos
Quando atacada pela ferrugem asiática, a soja perde precocemente suas folhas, impedindo a formação completa dos grãos, o que acaba por reduzir a produtividade. A infecção é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi , que chegou ao Brasil na safra de 2001-2002 e se espalhou rapidamente pelas regiões produtoras. “O clima favorável à boa produtividade da soja, com temperaturas amenas e chuvas bem distribuídas, é o mesmo que favorece a multiplicação do fungo”, explicou Soares.

O principal dano causado pela ferrugem asiática é a desfolha precoce. As plantas à esquerda receberam aplicação de fungicidas e as da direita, sem folhas, não receberam o produto. (Foto: Rafael Moreira Soares /Embrapa Soja).

Na safra de 2006-2007, a ferrugem asiática causou ao Brasil prejuízos superiores a US$ 2 bilhões. Foram 2.980 focos em todo o país, que levaram à perda de 2,6 milhões de toneladas de grãos (cerca de 4,5% da safra). De acordo com Soares, a disseminação da doença se deveu às chuvas excessivas no período. No Paraná, 2007 foi o ano em que se registrou o maior número de áreas afetadas desde que o fungo chegou ao Brasil. A agressividade da doença custou aos agricultores paranaenses 705 mil toneladas, o correspondente a 6% da produção.

Para deter a expansão do fungo nas lavouras e retardar o aparecimento da ferrugem, foi implantado em 2006 o que se chama de ‘vazio sanitário’, período de 90 dias na entressafra em que o cultivo da soja fica proibido. Essa estratégia de manejo já é aplicada nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais e Maranhão, e deverá ser empregada também no Paraná em 2008. Além da proibição do plantio, deve-se eliminar a soja voluntária, ou tigüera, que brota dos grãos que caíram naturalmente na terra. Com a implantação do vazio sanitário, o número de aplicações de fungicida cai significativamente.

Helen Mendes
Especial para CH On-line /PR
23/07/2007