Apesar de só agora ter sido identificado como uma nova espécie pela ciência, o Lutjanus alexandrei já vem sendo explorado economicamente, o que evidencia o risco a que está submetida a biodiversidade brasileira. (Foto: Rodrigo Moura/ CI-Brasil).
Os biólogos passaram então a acompanhar mais de perto o L. alexandrei , o que levou a outra descoberta importante. “A nova espécie tem um ciclo de vida interessante. Os jovens vivem apenas em áreas de estuários e mangue. Já os adultos vivem em estuários e em recifes. Esse fato reforça a existência de conectividade entre diferentes ambientes e a necessidade de planos de conservação integrados”, afirma Moura.
O endemismo da espécie recém-descrita também interessou os pesquisadores. Moura conta que ela era freqüentemente confundida com dois peixes que ocorrem no Caribe e na costa leste dos Estados Unidos, o Lutjanus griseus e o Lutjanus apodu . “Descobrimos que todos os espécimes coletados no Brasil e identificados como L. griseus e L. apodus são, na verdade, L. alexandrei .”
Estoques pesqueiros ameaçados
O grupo dos ‘vermelhos’ abriga muitas espécies de interesse comercial – todas do gênero Lutjanus –, como o caranha ( L. cyanopterus ), o dentão ( L. jocu ) e o pargo ( L. purpureus ). A descoberta de um animal já explorado comercialmente, mas não descrito pela ciência, evidencia o quão problemática pode ser a gestão da biodiversidade brasileira. “Quando se descobre uma espécie explorada pelos pescadores, mas que nem sequer tinha nome, percebe-se o risco a que pode estar submetida nossa biodiversidade”, ressalta o biólogo, acrescentando que, no Brasil, faltam programas de acompanhamento de desembarque de pescadores e muitos de nossos estoques podem estar sendo superexplorados. “Descobertas como essa trazem a questão à tona e acabam por ajudar a resolvê-la.”
Mariana Ferraz
Especial para a Ciência Hoje On-line
04/04/2007